Pesquisas abordam narrativas do cotidiano
Isabella Sales, aluna do 3o. período, sempre gostou de fotografia e de ouvir histórias. Para unir os dois prazeres, escolheu como tema de sua pesquisa de Iniciação Científica o Projeto Moradores, produzido pelo coletivo Nitro Imagens, de BH. O grupo que começou seu trabalho como agência fotográfica, hoje se define como “contador de histórias”.
A ação proposta pelo coletivo é simples: fotografar moradores em seu cotidiano e escutar o que têm a dizer sobre a cidade, depois as fotos são expostas em tamanho grande em pontos turísticos da cidade. O interesse da pesquisa de Isabella, sob orientação da professora Kátia Lombardi, está em analisar como o projeto contribui na busca da singularidade do indivíduo e sua identificação com o lugar onde vive.
“Você se sente parte daquela história quando vê seu vizinho ali ou uma pessoa que você conhece e acredito que, para quem é fotografado, é como se você se sentisse realmente valorizado. Naquele momento você se coloca realmente como protagonista do lugar onde vive”, declara a aluna.
Entusiasmada, Isabella conta que sempre encontra projetos similares que gostaria de estudar também, e que pretende ainda realizar sua própria iniciativa nessa área: “Em forma de TCC ou um projeto meu, de vida”.
Já Ana Resende Quadros, também do 3o. período, realiza um estudo de caso da obra da jornalista Eliane Brum, premiada com o prêmio Jabuti de melhor livro-reportagem em 2007, com o livro “O olho da rua”. Eliane usa narrativas típicas do jornalismo literário, sempre tratando de temas e pessoas em geral esquecidos pela mídia tradicional.
Ana explica sua escolha: “Acho que o jornalismo está ignorando o que precisa ser feito: ele deve servir à sociedade”. E, para ela, o trabalho de Eliane cumpre esse papel, ao visibilizar pautas e pessoas que, inexistindo na imprensa, também não existem na sociedade.
O cuidado com as pessoas está também na construção do texto de Eliane. A estudante explica que uma característica da autora é preservar a fala do entrevistado: “A pessoa expressou-se daquela maneira, o jornalismo não pode alterar, para ela isso é um pecado enorme”.
Ana também busca em sua pesquisa bases para projetos futuros: “Eu gostaria muito de poder trabalhar com jornalismo literário”. Para ela, esse é um gênero em que é possível criar um texto mais acessível, que o leitor sinta prazer em ler.
Sonhadores incentivando sonhadores a abrir os olhos e colocar a mão na massa. Se quiser conhecer mais dos projetos estudados por aqui e se inspirar também, dá um clique no Projeto Moradores e no blog Desacontecimentos, de Eliane Brum.
Texto: Dani da Gama