De autoria do governo do Estado, o PL busca modernizar a legislação, facilitando a certificação e a comercialização de um dos mais tradicionais produtos mineiro

 

Alterar as normas de funcionamento, estabelecer novos parâmetros para a fiscalização e apresentar estratégias de incentivos às queijarias de Minas Gerais. Estes são alguns dos propósitos do Projeto de Lei (PL) 4.631/2017, de autoria do governo do Estado, que se encontra em trâmite na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (AL-MG), com o apoio de produtores da região das Vertentes.

Outro propósito do PL  é valorizar as regiões produtoras, abrindo assim novos mercados para o queijo minas artesanal. Os queijos desses locais possuem características próprias que lhes conferem uma identidade regional em função da altitude, temperatura, tipo de solo, pastagens e umidade relativa do ar. Tais aspectos favorecem o desenvolvimento de determinados micro-organismos no processo biológico de sua produção e maturação.

As condições naturais e o modo de fazer característico de cada região dão ao queijo minas artesanal uma identidade própria, de acordo com o local onde é fabricado. Existem sete dessas regiões produtoras em Minas Gerais: Araxá, Canastra, Cerrado, Serra do Salitre, Serro, Triângulo Mineiro e Campo das Vertentes. Esta pode ser considerada o berço do produto e inúmeras famílias perpetuam a tradição  

O reconhecimento das regiões produtoras é respaldado por estudos que avaliam o processo de fabricação e as características peculiares do local de origem, como a história, economia, cultura, clima e outros aspectos. (Foto/VAN: Yasmim Nascimento)

Uma dessas famílias é produtora do queijo Catauá, que já ganhou vários prêmios, inclusive no exterior, e é ingrediente estrela em pratos de diversos restaurantes em as cidades como Tiradentes e São João del-Rei, Seguindo uma receita de 200 anos, com a produção retomada há 30, o sítio que produz a iguaria localiza-se atualmente em Coronel Xavier Chaves, município vizinho a São João del-Rei.

O queijo minas artesanal faz parte da história e do dia-a-dia das mesas mineiras. (Foto/VAN: Yasmim Nascimento)

Tataraneta de José Lopes, pioneiro na produção de queijo artesanal da família, Mariana Resende é atualmente a responsável pela administração, logística e marketing do queijo Catauá. Ela acredita que o PL pode trazer melhoras significativas, desde que discutido  com os produtores. “A realidade que o pequeno produtor vive hoje em Minas é cruel. Tem que haver uma modernização na legislação para simplificar a vida dele, o que não significa que as exigências sanitárias devam ser esquecidas.” ressalta.

O Queijo Minas Artesanal é apreciado graças ao conhecimento e tradição passado entre gerações e às suas características peculiares. (Foto/Van: Yasmim Nascimento)

A administradora destaca ainda a necessidade de se levar em consideração a diferença entre pequenos produtores e grandes laticínios. “É importante um controle que garanta a saúde dos consumidores, já que se trata de um produto elaborado com leite cru, mas que se tomem todas as medidas necessárias para a sanidade do rebanho e para a higiene total no processo produtivo, levando-se em consideração as diferenças do pequeno produtor.” salienta.

O secretário de Cultura de São João del-Rei Marcus Fróis,  destaca os eventos realizados na cidade e na região das Vertentes, como meio de fomentar a produção e conservar a história e tradição dessa manufatura. “Nós fizemos dentro da rede ferroviária algumas Feiras do Queijo. São 14 estandes, onde o pessoal já desce do trem e já tem um contato com o queijo. Fizemos feira no Matozinhos também”, afirma. De  acordo com o secretário, em São João del-Rei, há cerca de cinco produtores de queijo minas artesanal registrados atualmente.

O modo artesanal da fabricação do Queijo Minas foi registrado como patrimônio cultural imaterial brasileiro pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN). (Foto/VAN: Yasmim Nascimento)

Para que seja considerado um produto artesanal, o queijo deve possuir determinadas características como partir da mão de obra familiar, com produção em baixa escala e utilização de leite cru. Outra exigência é no tempo de maturação, de 14 a 22 dias, dependendo da região. Na fabricação do queijo minas artesanal, o processamento deve ser iniciado com o leite ainda quente, não podendo passar por tratamento térmico. Além disso, só podem ser utilizados como ingredientes culturas lácticas naturais, como o pingo, recolhido do soro do leite.

Texto/VAN: Isadora Jales, Yasmim Nascimento
Foto/VAN: Yasmim Nascimento
Colaboração: Kamila Amaral

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