“Oi, é a Hannah. Hannah Baker.”, foi dessa maneira que a protagonista da série Os Treze Porquês (Thirteen Reasons Why) se apresentou. Para quem não sabe, a série se trata de uma garota que tira a própria vida e deixa uma caixa com treze fitas, nas quais ela conta todos os motivos que a levaram a se matar. No seriado, a maioria dos que se sentiram culpados pela morte de Hannah tentaram justificar seus atos com o argumento de que muitas pessoas passam pelo que ela passou, que ela estava apenas sensacionalizando as coisas. Não me surpreende que em uma ficção existam pessoas assim, elas têm o papel de incrementar a história. Me surpreende que existam pessoas assim na vida real, bem ao nosso redor.

Quando assisti a série e quis comentar com conhecidos, a maioria dos comentários eram negativos em relação a esta — não é a questão que eu quero entrar agora. Críticas relacionadas a roteiro, produção audiovisual ou atuação poderiam ser muito bem argumentadas caso estes fossem os problemas para as pessoas com as quais conversei. Entretanto, o que os incomodava na verdade era a garota ter se matado e feito gravações para explicar os motivos.

Oi, meu nome é Ícaro. Ícaro Chaves. E eu também já pensei em me matar.”, essa era a única coisa que passava em minha mente. Mas não sou só eu, são tantas outras pessoas que eu conheço ou que eu nunca nem vi. Os dados relacionados ao suicídio no Brasil são maiores do que imaginamos. Talvez a midiatização do suicídio não seja a melhor maneira de se falar sobre ele, porque apesar de pontos positivos, como o de nos levar a pensar sobre isso, também existem negativos, como o de não saber lidar com o problema.

Culpar a vítima é sempre mais fácil. Quando se trata de suicídio é melhor dizer que “foi falta do que fazer”, que “foi uma atitude egoísta” ou que “foi falta de Deus no coração”. Difícil é conhecer e enfrentar esse problema que está tão próximo e tão silencioso ao mesmo tempo. É por isso que existe o Setembro Amarelo, por uma questão de conscientização. Mas não é simplesmente saber que ele existe, é entender o porquê de existir. É falar sobre o suicídio. É não julgar. É prevenir. É viver e ajudar.

 

Texto/VAN: Ícaro Chaves

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