Conheça a história de Geraldo Trindade, que é sapateiro há 58 anos em São João del-Rei

FOTO: SABRINA KELLY
FOTO: SABRINA KELLY

As lembranças de menino continuam presentes na memória de Geraldo Trindade das Dores, o sapateiro de 69 anos e que há 58 se dedica ao ofício. Atualmente dono da sapataria Nossa Senhora do Carmo em São João del-Rei, a necessidade o levou a profissão.

Através dos diversos calçados que consertou ao longo dos anos, criou os cinco filhos. Desses, dois ainda trabalham com o pai, já os outros três resolveram seguir outras profissões. Segundo Seu Geraldo, “passaram por suas mãos” diversos rapazes a quem ensinou a arte do conserto daquilo que sustenta os nossos pés.

Relembra de um rapaz, o Toninho Sapateiro que trabalhou muito tempo com ele e hoje possui seu próprio negócio. Grande parte das pessoas que trabalharam com Geraldo seguiram outro rumo na vida, mas todos saíram com uma base de sua sapataria.

A história de vida de Geraldo como sapateiro se iniciou em 1958, em uma pequena sapataria na Rua Marechal Deodoro. Daquela infância, se lembra de Seu José, já falecido. Foi ele quem passou os primeiros ensinamentos da profissão. O serviço não era remunerado, mas foi o começo do que se tornaria seu ganha pão. “Minha mãe dizia: não precisa pagá-lo, é só ensinar o ofício e se ele fizer alguma má-criação pode puxar a orelha dele”.

O fato que o levou à profissão foi a perda do pai. Com 12 anos abandonou os estudos e iniciou o aprendizado. De uma família de cinco irmãos, todos ao se formarem no 1º colegial tiveram que deixar a escola para ajudar em casa. “Naquele tempo as condições financeiras eram bem difíceis”.

Aprendeu o oficio fabricando e consertando sapatos masculinos, mas hoje é especialista nos calçados femininos e são os das mulheres que ocupam a maior parte da prateleira da sapataria. Geraldo reconhece a exigência do público feminino, pois são mais consumistas.

Porém, sente um pesar por não ter conseguido realizar um dos seus sonhos: se especializar no conserto de sapatos ortopédicos. Para tal, precisava fazer um curso técnico na área e não teve a oportunidade.

Sobre o momento de crise, o sapateiro vê a sapataria como uma solução: “O jeito é consertar o que já tem”. Seu Geraldo sente a falta de bons profissionais no mercado. Para ele, o poder público deveria ter outro olhar para a juventude. “Não há mal nenhum em um jovem menor de idade trabalhar, antigamente iniciávamos nossa profissão desde cedo e hoje isso não acontece”.

Ao final ele termina dizendo “O maior tesouro que temos é a sabedoria”.

TEXTO/VAN: JULIANA SOUSA E SABRINA KELLY

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