Crianças no Espaço Cultural Rotunda / Foto: Bruna de Faria

     
        Iniciativas de grupos autônomos que promovem atividades culturais, como artes plásticas, teatrais e até mesmo a prática jornalística, têm sido relizadas na cidade de Barbacena, como meio de suprir a indisponibilidade de uma estrutura física e recursos públicos. Entre estes, destacam-se grupos como o Espaço Cultural Rotunda, que oferece espaço físico para exposições, debates, pequenas apresentações e cursos, e o Instituto Curupira, que proporciona cursos gratuitos de música, inglês, redação e teatro, além de criar grupos de reportagens, viagens exploratórias e debates mensais.

     Segundo Delton Mendes, fundador do Instituto Curupira, a princípio o grupo apresentava peças relacionadas a problemas ambientais. “A posteriori, vendo as questões socioambientais relacionadas às comunidades que visitávamos, decidimos criar equipes de reportagem para entrevistar, perceber a opinião de moradores e fazer matérias sobre estas questões”, explica. E completa, sobre os obstáculos: “A principal dificuldade encontrada era a auŝencia de verba para custear nossos trabalhos. O transporte para as apresentações era pago por nós mesmos. Quando conseguíamos da prefeitura, era um transporte inseguro. Além disso, outras dificuldades foram: perceber como as pessoas aceitavam a arte teatral (a maioria, por não conhecer, não valorizava) e pesquisar o campo de ação que nos propomos a trabalhar, ou seja, arte, cultura e meio ambiente, que, no começo, para nós, era um campo até mesmo desconhecido”. Para divulgar suas ações, o Instituto recorre à internet, Facebook, rádio e TV, “haja vista que agora temos parcerias com as rádios da cidade e com a TV Integração”, frisa Delton Mendes.

       Margarete
Vale, secretária e produtora do Espaço Rotunda, destaca as atividades que são
oferecidas pelo seu grupo. “Estamos com teatro, curso livre e canto popular. Tem
acontecido uma aceitação boa em teatro e dança.” Sobre a situação atual de
Barbacena, ela pondera: “O espaço é precário, por isso, em 2011 a Companhia
Elas Por Elas resolveu abrir esse espaço com a cara e a coragem, juntando
forças a pedido da população, que almejava esses cursos em Barbacena. Nós
fomos, a princípio, bancando tudo e, posteriormente, procuramos patrocinadores,
mas não conseguimos. Resolvemos montar um esquema de padrinhos, em que pessoas
físicas e/ou jurídicas bancassem pessoas que tivessem muita vontade de estudar,
mas não tivessem as condições financeiras. Apareceram muitas pessoas físicas
principalmente, que vieram espontaneamente nos ajudar.”
      
     Delton
Mendes explica que a cidade não oferece muito espaço para o desenvolvimento
artístico da população. “Não há qualquer incentivo, seja no que tange à
realização de eventos culturais, seja no que tange ao envolvimento da sociedade
com os artistas. Um exemplo claro disso, a meu ver, é a não existência de um
anfiteatro realmente público, onde os artistas possam apresentar-se de forma
barata ou gratuitamente (o que não ocorre com o Teatro do Estadual, comumente
usado, que cobra R$300,00 por turno), o que é algo que preocupa. No Instituto,
durante estes cinco anos, temos percebido que a população não conhece elementos
culturais extremamente valiosos, como o teatro, a música e as artes aplicadas.
Ao chegar em comunidades da cidade com uma peça teatral gratuita, percebíamos a
surpresa no olhar das pessoas e o pior: víamos estampada em seus rostos a imparcialidade
cultural, ou seja, a indiferença para com a cultura, proporcionada pela falta
de incentivo e investimentos de nossos governantes”, destaca o fundador.

     A
produtora do Espaço Rotunda percebe 
obstáculos impostos à cultura barbacenense. Segundo ela, são obstáculos:
“a ausência do espaço físico e autoridades que têm o poder na mão para
viabilizar uma estrutura e não a concretizam. Assim, como a nossa iniciativa é
pioneira, a questão essencial que preocupa hoje é tirar da marginalidade as
pessoas, que podem estudar e aprender com uma experiência interessante. Existem
momentos em que temos certas dificuldades para isso”.

     A
estudante de Sociologia da UEMG, Pâmela Castro, declara: ”Sinto falta de mais
atividades culturais em Barbacena, sinto que, se tivéssemos um teatro
municipal, a propagação de mais grupos seria facilitada. Temos uma história
importante, uma cultura rica que passa despercebida, por não ser valorizada de
verdade. Espero que a nova gestão tome iniciativas que permitam o desenvolvimento
local, para que a gente tenha mais música, mais arte, mais teatro, que é o que
os barbacenenses precisam.”

Bruna de Faria

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