Por Ana Julia Barbosa e Giulianna Andrade

Hoje, 23 de abril, comemora-se em diversos lugares do mundo o Dia do Escoteiro. Em homenagem a São Jorge, considerado protetor de escoteiros mirins, soldados e cavaleiros, bastante conhecido e celebrado, a data foi escolhida pelo fundador do movimento,  Robert Baden-Powell. Segundo ele, Jorge da Capadócia, mais conhecido como São Jorge, é uma referência para as qualidades que se deve encontrar em um escoteiro, prezando pela coragem de enfrentar os desafios. Além disso, a data é utilizada para os membros refletirem sobre o que significa ser um escoteiro, com suas práticas e vivências.

Mas afinal o que é o Escotismo?

O escotismo é um movimento mundial de caráter educacional, voluntário e sem fins lucrativos, no qual as crianças, adolescentes e jovens têm a oportunidade de se desenvolverem socialmente de uma forma baseada em valores, respeito, amizade, fraternidade e no amor pela natureza. Buscam auxiliar na construção de indivíduos e futuros adultos responsáveis, prestativos, com princípios de trabalho em equipe e vida ao ar livre. 

Com a expansão do escotismo, foi fundada a União dos Escoteiros do Brasil (UEB), em 1924, a única organização brasileira reconhecida pela Organização Mundial do Movimento Escoteiro. A associação possui atuação nacional, de forma educacional, cultural e filantrópica, além de acompanhar as condutas nas Unidades Escoteiras Locais, distribuídas ao longo de todo o território do país. São mais de 100 anos de história, buscando aperfeiçoar as técnicas e unir cada vez mais pessoas para continuar como um dos maiores grupos de jovens do mundo, o qual conta com mais de 80 mil escoteiros no Brasil, segundo o site Escoteiros do Brasil Distrito Federal.

Em São João del-Rei o escotismo está presente há alguns anos. Atualmente, a cidade mineira conta com 2 grupos escoteiros em funcionamento: o Guardião das Vertentes, em prática há mais de 16 anos, e o Tales 209, fundado há 1 ano e meio, aproximadamente. A região faz parte do Distrito Estrada Real, que engloba as comunidades escotistas de Barbacena, Carandaí, Congonhas, Conselheiro Lafaiete, Itabirito, Mariana, Ouro Branco, Ouro Preto, São João del-Rei, Viçosa e Santa Cruz de Minas.

O Guardião das Vertentes 67°, fundado em outubro de 2007, é um desses grupos atuantes na região. Eles trabalham com as crianças a valorização da vida em todos os âmbitos, fortalecendo os valores e princípios desses jovens. 

O chefe escoteiro Ricardo Neves conta que é necessário que o movimento escoteiro da região tenha mais visibilidade e divulgação, já que poucas pessoas sabem, realmente, o que é o escotismo, muitas vezes, associando ao militarismo ou até mesmo com personagens de filmes, fugindo da representação real do que a instituição faz. Além disso, devido à pandemia, infelizmente, o grupo que anteriormente já teve em torno de 100 crianças hoje possui 12. Como pertencente ao grupo desde criança, Ricardo relata que o contato com o movimento auxilia na formação de cidadãos e, para isso, é necessário fazer parte do escotismo e alcançar um maior número de jovens.

Raquel Evangelista de Oliveira, professora e chefe escoteira do grupo, presente no movimento por volta de 17 anos, também retoma sobre a importância de atividades do âmbito escotista no desenvolvimento do jovem, afirmando que incentiva o indivíduo a aprender encarar desafios e acreditar na sua própria capacidade. Raquel diz “O escotismo ajuda a lidar com a vida como um todo”.

Eles nos relatam que as atividades são pensadas com o propósito de fortalecer o jovem, com ênfase na inclusão. Com isso Ricardo salienta que “Com os lobinhos trabalhamos o lúdico com a história de Mogli, os escoteiros é a aventura, seniores é o desafio e por fim, os pioneiros e o trabalho com a comunidade”, de modo que cada etapa de idade dos membros sejam baseadas nos valores e nas premissas escoteiras.

Sobre o motivo pelo qual as crianças recebem o nome de “lobinhos”, Raquel nos conta que é trabalhado de maneira fantasiosa. Eles utilizam a história de Mogli, o menino lobo, para a relação com os integrantes do grupo: “As crianças e os chefes são como os personagens, assim eles aprendem a lidar com a natureza e a reação desse todo com as ações deles”. Assim como na história, o momento quando as crianças passam para a idade de escoteiros se chama passagem, que é quando o Mogli volta para sua comunidade deixando de ser um lobinho. 

Hoje em dia, o grupo Guardiões das Vertentes possui atividades das 9 às 11h, aos sábados. Eles revezam os locais de práticas entre o Batalhão de Polícia de São João del-Rei, escolas e a Universidade Federal de São João del-Rei (UFSJ). 

Atualmente, se dedicam a divulgar o movimento para atrair mais participantes, uma vez que os entrevistados relataram que sentem falta de iniciativas da prefeitura e de instituições para auxiliar e oferecer mais oportunidades para a comunidade.

O grupo escoteiro Tales 209, localizado em São João del-Rei, possui duas sessões: às dos lobinhos, crianças de 6 anos e meio até 10 anos, e dos escoteiros, de 11 a 14 anos. O grupo recebe qualquer criança independente de gênero, religião e aspectos financeiros, eles trabalham de maneira voluntária e sem vínculos políticos como determinado pelas premissas escoteiras. As atividades realizadas por eles são pensadas para atender as idades e demandas das crianças, mas todas elas buscam trabalhar com contato respeito com a natureza, o senso de comunidade e o desenvolvimento de habilidades, isso é realizado de maneira lúdica e divertida com jogos e  canções.

 As atividades trazem para a vida desse jovem um desenvolvimento significativo como nos conta o Chefe  Delcio Paulo Carrara, que também é diretor e presidente do projeto NAC Tales no município:  “O propósito escoteiro é contribuir para que as crianças, adolescentes e jovens assumam seu próprio desenvolvimento, para que abracem seu pleno potencial físico, intelectual, afetivo, social, espiritual, como indivíduos e cidadãos responsáveis e membros ativos de suas comunidades, seja local, nacional ou internacional”.

Segundo ele, já é possível observar resultados desse primeiro ano do grupo nas crianças, vários pais e responsáveis contam sobre as mudanças positivas que impactaram na vida de suas crianças, seja no contexto familiar, na escola e na comunidade em geral.

Para o chefe, tal prática é uma chance para essas pessoas terem contato com uma oportunidade sadia de ajudar seu próprio crescimento pessoal. O grupo hoje possui lista de espera para crianças de 6 anos e meio a 11 anos e para escoteiros, que são os jovens de 12 a 14 anos, que possuem vagas. As atividades ocorrem aos sábados das 14 às 16h na instituição NAC Tales, localizado na Rua Monsenhor Silvestre de Castro, 1627 – São João del-Rei.

Procuramos a Secretaria de Lazer e Esporte da cidade de São João del-Rei para entendermos melhor como o movimento escoteiro atua na cidade e se a prefeitura pensa em auxiliar de alguma forma essas instituições sociais, mas até o momento,  não obtivemos respostas acerca dos questionamentos.

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