“Água que nasce na fonte serena do mundo e que abre um profundo grotão. Água que faz inocente riacho e deságua na corrente do ribeirão” . Quem nunca ouviu essa música e na sua imaginação viu um planeta azul? Assim muitas crianças da minha época aprenderam também como nasciam os rios que nos cercavam: de uma pequena fenda na terra, brota a água que corre solta e livre, levando a vida para as pessoas.
Esse trecho é da canção “Planeta Água” de Guilherme Arantes. Canção que escutei muitas vezes nas rádios locais, onde também cantei, junto aos meus colegas de sala, em uma apresentação escolar para discutir sobre a falta de água no planeta. Centenas de pessoas assistiam a exibição e, nós crianças, não tínhamos a dimensão de que estávamos fazendo um apelo importante para que as pessoas economizassem água. Naquela época achávamos utópico  pensar em falta de água, pois estávamos cercados de rios e árvores.
O tempo foi passando e o mundo foi sendo destruído pela ação do homem. Nas aulas de Geografia, os professores nos indicavam  problemas tais como o aquecimento global, o desmatamento, a poluição,  o efeito estufa; com isso, tentaram passar para nós, alunos de uma escola pública de interior, a questão da consciência ambiental e do respeito aos recursos do planeta.
E o tempo ia passando e o mundo se acabando. Aprendíamos que se os governantes de todo mundo não realizassem mudanças no processo de produção industrial, diminuindo a emissão dos gazes poluentes, acabando com o desmatamento desordenado, recuperando as florestas – que o próprio homem tinha destruído para trazer o desenvolvimento – poderiam provocar a extinção dos recursos naturais em crise.
E hoje estamos falando de falta de água, racionamento, seca. Agora estamos mudando os nossos hábitos que deviam ter sido mudados, no mínimo, há quinze anos atrás, quando um grupo de crianças celebravam o Planeta Água. Por isso,  a  expressão  de Thomas Hobbes, na sua obra “O Leviatã” (1651) – “O homem é o lobo do homem” – é, mais uma vez, ressignificada!
Por ser diferente de toda a criação, dotado de consciência, o homem usou  a água para a sua extinção e hoje caminhamos, a passos largos, para um novo processo na história da existência humana no planeta. O que levou milhares de anos para se desenvolver, há pouco mais de mil anos caminha para  seu próprio fim. Assim a natureza hoje cobra, em pesadas prestações, o que ela deu ao homem que, em sua arrogância, agiu como senhor dos senhores diante do que lhe foi dado em gratuidade e fez o que bem entendeu.
A verdade está aí, sendo vivida ao vivo e a cores, por todas as pessoas que acharam que teriam água para  a vida toda. O ciclo de destruição continua na ativa e agora que nós começamos a perceber o que fizemos,  estamos tentando mudar nossos hábitos. Tomara que não seja tarde demais, pois a dívida com a natureza está alta e nem sabemos se teremos condições de pagar.
Vamos continuar mudando os nossos hábitos, talvez de uma forma radical, para que possamos viver na esperança daquilo que ouvimos nas primeiras aulas de química: “na natureza nada se cria, nada se perde, tudo se transforma!”
Texto: Willian Carvalho
Imagem: Hotblack/ Morquefile

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