A passeata acontecerá no dia 18 de maio e terá início na Praça do Rosário, às 14h

 

Holocausto brasileiro. Cidade dos loucos. Barbacena. O município, reconhecido nacionalmente por abrigar a história do maior hospital psiquiátrico do país durante o século XX, realiza, na próxima sexta-feira (18), passeata para celebrar e reforçar a data que marca a luta antimanicomial.

A cidade recebeu, em 1903, o manicômio de maiores proporções da região, que ficou conhecido como Hospital Colônia. O local, que chegou ao assombroso índice de 60 mil mortes em suas dependências e recebia não só pessoas com sofrimento mental, mas também todos os casos considerados indesejáveis socialmente: alcoólatras, adolescentes grávidas, homossexuais e mendigos, grupos que chegaram a representar 70% dos internos.

A cidade hoje, no entanto, tem, progressivamente, substituído o tratamento isolador dos hospitais psiquiátricos por formas de tratamento mais abertas e diversificadas, buscando manter o paciente em contato com a família e a sociedade através da instauração de diversas residências terapêuticas por todo o município desde os anos 2000.

Foto/Reprodução: Divulgação

Dezoito anos depois, o município encontra-se com um total de 30 residências e 220 moradores. “Embora eu tenha aprendido bastante nas internações de longa permanência, com a liberdade proporcionada pelas residências terapêuticas eu posso trabalhar, pintar e vender meus quadros e todos aqui me apoiam e levantam minha autoestima como uma família, sempre me recebendo com carinho”, conta o paciente Jaime Siqueira Dias, usuário do CAPS Ad III (Centro de Atenção Psicossocial), que é um estabelecimento de saúde que tem como especialidade o vício em álcool e drogas.

A passeata tem como objetivo criar uma ponte entre os pacientes e a comunidade, fazendo a diferença e derrubando o preconceito ao mostrar a importância da autonomia para a saúde mental. “Queremos que a população entenda o valor dos CAPS e compreenda o quão ruim seria se tivéssemos a volta dos hospitais psiquiátricos. Com esse retrocesso as pessoas em tratamento poderiam ser submetidas novamente a toda a covardia e maus tratos que ocorreram no passado”, declara a psicóloga Tays Aparecida da Silva.

A escola de samba constituída por usuários, familiares, profissionais da saúde mental e membros da comunidade estará presente no evento ajudando a reforçar o lema “Trancar não é tratar”. A concentração para a caminhada acontecerá às 13h30, na Praça do Rosário, e a saída às 14h em direção a Praça dos Andradas.

 

Texto/VAN: Isabella Rocha, Raphaela Ferreira
Foto/VAN: Divulgação

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