Em 2011, cerca de 60 organizações sociais se uniram para dar visibilidade aos malefícios do uso de agrotóxicos no Brasil, fundando a Campanha Permanente Contra os Agrotóxicos. A campanha tem caráter permanente pelo fato de ter como objetivo um processo de conscientização de toda a sociedade. Francis Guedes, membro da Coordenação Nacional da Campanha, explica que essa será uma luta difícil e extensa, em que serão necessários  esforços contínuos. Isso porque criticar a utilização de agrotóxicos significa criticar igualmente o modelo agrícola vigente no Brasil desde a década de 60, hoje  conhecido como agronegócio. 

Além de ser contrária aos agrotóxicos, a campanha também elabora e fortalece alternativas de agricultura não nocivas ao ambiente e à vida. O modelo mais indicado é a agroecologia, classificado como mais produtivo pelo relator especial da ONU para o direito à alimentação, em 2010, Olivier De Schutter.

Eliane Novato, professora integrante do Grupo de Estudos em Saúde e Trabalho Rural da UFMG (Gestru-UFMG), ressalta que nada pode ser mudado de um dia para o outro. “Será necessária uma substituição gradual do modelo de produção, pois fomos muito longe no modelo de agronegócio adotado”, pontua. 

A pró-atividade tem sido um dos princípios da Campanha Contra os Agrotóxicos. Para dar visibilidade ao tema, estão sendo organizadas ações em todo o país. Abaixo-assinados, protestos e informativos tem sido entregues à população com o objetivo de restringir e fiscalizar o uso de agrotóxicos. “Em algumas regiões, conseguimos até a proibição da pulverização aérea, como é o caso do município de Vila Valério, no Espírito Santo”, declara Cléber Folgado, integrante da Secretaria Nacional da Campanha.

A declaração de Cléber reafirma as ações que já estão sendo trabalhadas pelos comitês: proibição da pulverização aérea, banimento dos agrotóxicos (já banidos no exterior) e fim das isenções fiscais para os produtos agrotóxicos. E completa: “creio que a principal conquista da campanha tenha sido o debate com a sociedade, pois conseguimos pautar a problemática dos agrotóxicos, mostrando que existem alternativas”.

Em 2010, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) realizou um estudo para analisar o grau de contaminação por agrotóxico dos alimentos produzidos no Brasil. Foram encontradas duas principais ilegalidades: 

1) uso de agrotóxicos proibidos e 
2) quantidade de agrotóxicos acima da permitida por lei.

Campeões do
agrotóxico
*
Produtos mais irregulares do Brasil (em %)
Produtos mais irregulares de MG (em %)
Pimentão 90%
Pimentão 100%
Morango 63%
Pepino 83%
Pepino 58%
Laranja e Cenoura 66%
Alface 55%
Morango 60%
Cenoura 50%
Abacaxi, Alface e Mamão 50%

*Fonte: Programa de Análise de Resíduos de Agrotóxicos em Alimentos (PARA) – Relatório de atividades de 2010, da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA).

Além disso, a Campanha dá dicas ao consumidor sobre como evitar produtos com agrotóxicos:
1) Saiba de onde vem o seu alimento. Procurar produtos identificados aumenta o comprometimento dos produtores em relação à qualidade.
2) Escolha alimentos da época ou produzidos pelo método de produção integrada. Esses alimentos recebem uma quantidade menor de agrotóxico.
3) Prefira sempre alimentos orgânicos. Esse tipo de produção não utiliza agrotóxicos.
4) Lave e retire cascas e folhas externas de verduras. Isso ajuda na redução dos resíduos de agrotóxicos presentes nas superfícies dos alimentos.

VAN/Rafaela Dotta e Samuel Rabay
Foto: Lis Maldos

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