Iniciativa retoma discussão sobre acessibilidade em São João del-Rei

Por Christopher Gonçalves e Clarice Muscalu

Revisado por: Samantha Souza

O Solar da Baronesa, localizado no Largo do Carmo, centro histórico de São João del-Rei, é uma das construções mais antigas da cidade. Além de compor o conjunto urbano tombado (em 1938 e delimitado em 1947) pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), o imóvel de importância histórica e arquitetônica abriga, hoje, as atividades artísticas e culturais do Centro Cultural da Universidade Federal de São João del-Rei (UFSJ).

Solar da Baronesa / Reprodução: UFSJ
Solar da Baronesa / Reprodução: UFSJ

No dia 23 do último mês, foi construída no Solar da Baronesa uma rampa de madeirite, após o projeto ser aprovado pelo Conselho de Patrimônio de São João del-Rei, em conjunto com o Iphan. A iniciativa propõe maior acessibilidade para pessoas com deficiências funcionais.

Em matéria exclusiva para a VAN sobre caminhabilidade urbana e acessibilidade, o cadeirante, pesquisador e ativista do Grupo de Acessibilidade Arquitetônica e Urbanística (GRAAU), Claudio Dinali Lombelo, afirmou que lida com dificuldades ao se deslocar pela cidade devido a falta de uma estrutura acessível e inclusiva nas ruas e em prédios públicos.

Já a estudante de arquitetura, Isis Capilupi, é uma pessoa com nanismo e reafirma as dificuldades descritas pelo pesquisador. Ela complementa que, no que se refere às caminhadas, as escadas muito grandes e as calçadas com pouca largura impossibilitam um deslocamento tranquilo.

Lombelo afirma que a construção é uma grande conquista, tanto para pessoas com deficiência, quanto para toda a comunidade são-joanense. – “Poder entrar em um prédio público e cultural tão importante como o Solar da Baronesa é poder desfrutar do meu direito de ir e vir”, afirma o ativista.

Rampa construída em uma das entradas do Solar da Baronesa
Rampa construída em uma das entradas do Solar da Baronesa

Fernanda Corghi, coordenadora do grupo Design Para Todos, destaca que a rampa é um projeto experimental e que a prefeitura já foi acionada para que, no próximo ano, uma rampa fixa possa ser assentada no lugar da atual. Corghi celebra e agradece aos envolvidos pela conquista, já que a construção no casarão histórico reforça a importância da luta por uma comunidade mais inclusiva.

Ela (a rampa) já é icônica simplesmente por existir. Não intervém no patrimônio de maneira bruta. – Fernanda Corghi sobre a construção da rampa.

De acordo com a chefe do Setor de Projetos Artísticos e Culturais (SEPAC) do Centro Cultural, Aline Braga, o processo de aprovação para implantação da rampa foi tranquilo. – “A Fernanda entrou em contato com a nossa equipe explicando o projeto com as especificações necessárias e logo em seguida encaminhamos a iniciativa para o Conselho de Patrimônio, que aprovou, junto ao Iphan, a construção da rampa no edifício”. Agora, segundo Braga, a espera é de que a prefeitura aprove a construção da rampa de concreto.