A comunicação democrática continua vetada para as eleições

É chegado o período de eleições municipais em todo o Brasil. Com a mini-reforma das regras eleitorais, diversas alterações aconteceram no jogo de campanha. O período foi reduzido de 3 meses para 45 dias. Camisas, bonés, broches (configurados como brindes) foram proibidos, mas a mudança de maior impacto foi a proibição do financiamento de campanha por empresas privadas. Com essa reforma, em tese, estima-se maior esforço dos candidatos em dialogar com a população. As ferramentas de campanha de 2016 já estão diferentes e agora incluem mais caminhadas, visitas em casa de apoiadores e muito corpo a corpo.

Mas qual é o papel da comunicação, neste turbilhão?

A comunicação da constituição é plural, pedagógica e popular. A partir da carta magna, o papel da mídia durante as eleições é de: reforçar as funções políticas de representantes; Ressaltar a importância de plataformas de campanha, com propostas reais e possíveis; Estimular debates amplos, com a participação de diversos (se não todos) candidatos e candidatas, oferecendo tempo e perguntas “iguais”.

Com exceção da propaganda-campanha do TSE que explica as funções de vereadores e prefeitos, não vemos esse conteúdo na programação.  Ao contrário, vemos leis que incentivam a exclusão de candidatos de participar de debates. Como é o caso da Luiza Erudina (PSOL) em São Paulo, Marcelo Freixo (PSOL) no Rio e de outras centenas de candidatos e candidatas, que foram impedidos de participar das mesas-redondas em grandes emissoras de televisão.

A programação da TV aberta continua pobre e superficial no que se trata do compromisso com a democracia. A aproximação da população com temas políticos tem sido feita de maneira caótica com altos índices de rejeição e a mídia convencional é a principal responsável por isso.

Telejornais e manchetes sanguinários, coberturas de boatos noticiosos, sem critério de noticiabilidade e sem apuração rigorosa, participação de comentaristas sem ética, cheios de raiva e sem argumentos sólidos. Esses são alguns pontos que estimulam a população a debater política em tons radicais ou se ausentar completamente.

Em tempos difíceis, como o que vivemos hoje, todo diálogo é pouco. É difícil pensar em um amanhã melhor sem uma mudança real nas regras do jogo. Não uma mini-reforma, mas uma Constituinte que reflita o papel da comunicação nas eleições. Que estimule a população a participara de debates saudáveis e respeitosos, que incentive a participação política real e transforme a mídia convencional em comunicação democrática.

Texto: João Pedro Justino

Revisão: Julia Benatti