Café
Na maioria dos dias difíceis ou em tempos de frio, o café, bebida que já deu nome ao poder brasileiro, é servido mais uma vez. Conversa vai, pessoas vêm e lá está ele mediando relações e sendo motivo de encontros. E é sobre encontro que discorro agora.
O café é bebida pra ser apreciada e a correria do século XXI, a qual provoca desatenção, nem sempre nos permite. Os encontros assim. Café em forma de gente. De calor humano.
Alguns encontros nos rendem bons minutos na padaria da esquina. Passageiros, fugazes. Porém, carregados de energia que o café nos proporciona. Chega, preenche, passa e é história pra ser escrita, em uma outra crônica bem desalinhada, talvez. Outros chegam e aquecem o até então desagasalhado silêncio. O café motiva o silêncio e potencializa mais tarde a voz. Voz. Voz anfitriã de novos convites.
O fato é que, culturalmente encontros são cafés. É grão transformado.
E tem café que acalma, faz parte do belo fim de trabalho. Tem café responsável por nos manter acordados, atentos. Atentos ao mundo. Atentos ao dia seguinte. Tem café que vicia. Outros amargam, e você tem a possibilidade de aprender a colocar menos pó. Alguns são doce em excesso e, naquele momento, você não cabe ali. E em outros momentos, você é o açúcar em exagero em histórias que precisam despertar com o amargo.
O café une. Entrelaça. Café é sabor. É ressaca da vida. Encontros são cafés.
Agora, eu coloco aqui um ponto final e um pouco de encontro.
Pra algumas histórias, não é preciso caneta. Mas gente metida a poeta é assim: precisa de cafés constantemente e do silêncio dos sabores deles, essencialmente.
Texto: Isabella Sales
Revisão: Julia Benatti