Por Onda Anda: Ricardo Rios
Conheça o egresso que se divide entre ser professor, coordenador de comunicação e ainda fazer o doutorado
A primeira opção de graduação dele sempre foi o jornalismo. Mas por causa da queda da obrigatoriedade do diploma de jornalismo para o exercício da profissão, referendada pelo Supremo Tribunal Federal (STF), em 2009, chegou a prestar vestibular também para Relações Internacionais.
“Passei nos dois cursos e optei pelo Jornalismo, não apenas pela proximidade com a minha casa (Barbacena), mas também pela paixão que sempre tive pela Comunicação” – relembra Ricardo Rios, 25, egresso da 3ª turma do curso de Comunicação Social – Jornalismo da UFSJ.
Formado desde 2014, atualmente, Ricardo é coordenador de comunicação do Hospital Ibiapaba, em Barbacena, professor do curso de Publicidade e Propaganda no campus da Unipac do mesmo município e ainda cursa o Doutorado em Comunicação da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF).
Confira abaixo, a entrevista dada ao site do Jornalismo UFSJ!
Jornalismo UFSJ: O nosso curso conta com alguns projetos e oportunidades internas – como a empresa júnior Mosaico, bolsas de monitoria, iniciação científica, projetos de extensão… você participou de algum deles? Quais?
Ricardo Rios: Participei de Iniciação Científica após convite do professor Ivan Vasconcelos, atual pró-reitor da PROEX. Participamos do primeiro projeto acadêmico a ser institucionalizado no Brasil sobre um dos maiores programas de TV do mundo, o Eurovision Song Contest.
Graças à Iniciação Científica desenvolvida na graduação, hoje sou o pesquisador brasileiro com o maior número de trabalhos publicados sobre o tema.
Para a minha formação foi fundamental, porque pude aprender a escrever textos acadêmicos com qualidade, além de ter continuado com a pesquisa no mestrado.
E estágios? Quais você fez?
Estagiei na Comunicação da Gerência Regional dos Correios, em Barbacena, de 2012 a 2014. Como fui o primeiro estagiário da área na região, pude aprender muito e também imprimir um ritmo novo à Comunicação Externa da Gerência, que até então dependia exclusivamente de Belo Horizonte.
Essa experiência profissional foi interessantíssima, porque os Correios são um dos maiores empregadores de Barbacena e possui na cidade uma estrutura gigantesca, com três bases gerenciais (Gerência Regional, Centro de Distribuição e Central de Atendimento Nacional). Até então, éramos mudos e começamos a falar com o público externo. Isso se mantém até hoje.
Na época da faculdade, tinha alguma preferência de campo de atuação enquanto jornalista (TV, rádio, impresso, web, assessoria…) ou não?
Sempre fui um operário da comunicação. Nunca tive uma preferência específica. Abraçava as mais diferentes áreas para pegar experiência (essa é uma dica que sempre passo aos estudantes, por sinal).
Depois de formado, você chegou a fazer alguma pós-graduação? Se sim, qual? Em que área?
Antes de defender o TCC, havia passado no mestrado em Relações Internacionais, na PUC Minas. Iniciei o curso em 2015 e me formei em 2017.
Ricardo, atualmente, você trabalha no setor de comunicação do Hospital Ibiapaba, em Barbacena. Como é a rotina de um coordenador de comunicação de um hospital?
É uma experiência profissional incrível. Quando entrei no CEBAMS, a direção me deu um desafio: colocar um dos maiores hospitais SUS do interior de Minas Gerais para falar com o público externo. Com muito trabalho e unindo todos os times, conseguimos um resultado fantástico: alcançar o desejo da direção e obter um retorno de mídia espontânea de mais de R$ 75000 só em 2017.
Criamos no setor ações internas e externas de grande impacto local e regional. A rotina é bem intensa, mas muito prazerosa: além da mão na massa, gerencio um dos grandes orçamentos da empresa, além de toda a execução dos padrões ISO da Comunicação.
Trabalhar no setor de saúde foi uma grande surpresa positiva. Como vim de redação, consigo traduzir as expectativas do público em ações efetivas de comunicação.
Atualmente, a estrutura de Comunicação que temos hoje é uma das maiores da região e conseguimos executar praticamente todos os serviços do setor internamente, traduzindo em economia e redução de custos operacionais.
E ser professor? Como é a experiência de, agora, colaborar com a formação profissional de futuros comunicólogos, no caso, publicitários?
A docência é uma alegria única. O trabalho na sala de aula é diferente, porque o professor que está na linha de frente não faz apenas o trabalho de passar conhecimento.
Há uma gestão de pessoas imensa. Lido com dezenas de pessoas que são diferentes, que têm expectativas e desejos diferentes. Gerir todos esses anseios, principalmente no ensino superior, demanda muito trabalho, resultando em uma sinergia de conhecimentos entre alunos e professores que formam todo o contexto da educação.
E o trabalho do professor não fica só na sala de aula. Há o extraclasse que poucas pessoas conhecem. De 2017 ao início deste ano, pude colaborar com um grupo grande de 17 alunos que abraçaram comigo um desafio inédito para eles: produzir artigos para o Intercom Sudeste 2018, que aconteceu em Belo Horizonte. Ao todo, nosso grupo aprovou quatro trabalhos, sendo três Intercom Jr. e o único Expocom da região do Campos das Vertentes.
O papel do professor é o mesmo de um gestor de empresa: conduzir. É necessário conduzir em direção à excelência, mostrar como melhorar, apoiar o trabalho em andamento e, sobretudo, incentivar em momentos de desmotivação. Uma simples palavra de incentivo do professor (ou até mesmo aquele empurrãozinho) pode fazer alguém desmotivado recuperar o ânimo e produzir bem.
Além disso, como gosto de pesquisa, a docência me permite continuar trabalhando com a produção de ciência, seja com os artigos isolados em parceria com os alunos ou no meu projeto de Iniciação Científica.
E na TV Barbacena? O que você faz nela? Se eu não me engano, você foi o responsável pela sua criação, né?
Exatamente. Fundei a TV Barbacena em 2006. Foi a segunda experiência concreta de televisão que tivemos na cidade.
Hoje a TV Barbacena se consolidou como o veículo independente de imprensa mais antigo de Barbacena, além de ser o único site da região a vencer o Prêmio iBest, o Oscar da Internet Brasileira. Me considero um “faz-tudo” na TV, atuando na criação, produção, edição e na concepção web, que é o aspecto mais importante do site.
Esses são seus primeiros empregos pós-formatura ou chegou a passar por outras empresas/áreas antes? Se sim, quais?
Meses antes de me formar, fui contratado pela Cimento Tupi para ser o responsável corporativo pela Comunicação da empresa, que é sediada no Rio de Janeiro. Estava baseado em Carandaí (MG). Paralelamente, contribuía com reportagens na Rádio Sucesso FM, de Barbacena.
Ricardo, você é o típico exemplo do profissional de comunicação tão comentado da atualidade que se divide entre diversas frentes. Qual conselho você dá para a turma dos formandos?
É importantíssimo criar uma meta de carreira. Eu abraço várias frentes não por necessidade, mas sim, porque a minha meta de carreira é essa (trabalhar nos mundos acadêmico e empresarial).
A primeira coisa que você deve pensar é: aonde eu quero estar no curto, no médio e no longo prazo? Depois disso, trace metas e estratégias para atingi-las. Esse discurso pode parecer empreendedorismo de palco, mas não é. Essa é a realidade.
Se eu quero trabalhar na BBC, por exemplo, o que eu preciso fazer para alcançar isso? Não basta só mudar para Londres e bater na porta da BBC pedindo emprego. É necessário se preparar e entender o que preciso fazer para chegar lá.
Outra coisa muito importante: aproveitem o período da faculdade para experimentar e errar. Esse é o momento. O mercado não quer experimentar e errar. Isso custa muito dinheiro.
Por último: você não precisa ser especialista em todas as áreas da Comunicação, mas a economia de hoje exige que você pelo menos saiba um pouco das diferentes áreas. As pessoas já introjetaram estética e narrativa midiática sem perceber. Hoje elas fazem transmissões ao vivo com seus celulares sem ter formação em Comunicação, mas entregam aos seguidores um material semelhante à estética da TV, com zoom, foco, apuração de informações e até ouvindo o outro lado. Hoje, a Rádio Pública da Suécia tem um equipamento que faz transmissões ao vivo sem necessidade de passar nada pelo estúdio.
O próprio repórter, com uma conexão 4G, transmite, edita, executa vinhetas e faz todo o processo de um estúdio de rádio sozinho. Se esse profissional só souber fazer a locução (sem conhecer o mínimo das outras áreas de operação do rádio), será promovido ao mercado em breve. E na crise global da comunicação, ninguém quer ser promovido ao mercado (ou seja: demitido).
E quais são seus próximos objetivos no campo da comunicação? O que mais você pretende alcançar na área?
Nosso mercado é extremamente dinâmico. Porém, existem duas coisas que estarão muito mais presentes na nossa vida profissional: Realidade Aumentada e Big Data. Pretendo estudar e me especializar nessas áreas.
Parabéns pela trajetória, Ricardo!
Texto: Arthur Raposo GomesF