QUE SE AME: Precisamos falar sobre Ana e Mia
Você olha o espelho. Quem está ali? Não é você. Não pode ser. Aquela pessoa do reflexo deixou de ser você há muito tempo. Os olhos que te encaram estão opacos e fundos. Ainda assim, ágeis. Investigam, analisam e odeiam o que veem. Você se sente só. Sente que merece o pior. Deixa de ser quem é e torna-se uma entidade completamente diferente. Ana: anorexia. Mia: bulimia. Apelidos “carinhosos” para algo nada gentil.
Você já ouviu falar de transtornos alimentares? São doenças diretamente ligadas à mudanças radicais no comportamento nutritivo e na percepção da forma física. De acordo com estimativas da Organização Mundial de Saúde (OMS), de 1 a 4% da população mundial vai enfr
entar algum tipo de distúrbio do gênero durante a vida, além ocupa o primeiro lugar na lista de doenças psiquiátricas que mais causam morte em todo o mundo.
Ainda assim, pouco se fala sobre transtornos alimentares, de forma consciente, pelo menos. A internet transborda de conteúdos produzidos por indivíduos que consideram as doenças como estilos de vida. Estas páginas e perfis oferecem dicas de como comer cada vez menos, perder peso de maneira brusca e incentivos para persistirem nas obsessões. O que essas pessoas não percebem é que suas “amigas” Ana e Mia são, na verdade, suas maiores carrascas.
Com essa consciência foi criado o Que Se Ame. Começou timidamente, como o projeto para a disciplina de Oficina de Jornalismo Online. Recebeu força, recebeu apoio, recebeu carinho. Hoje, após uma reformulação, conta com um perfil no Instagram e uma página no Facebook, que visam oferecer apoio e informação para quem esteja lutando contra um transtorno alimentar (ou conheça alguém que esteja e queira ajudar). Além de abordar temas muito relevantes para a sociedade atual, como imagem corporal e nutrição.
Os transtornos alimentares são doenças tratáveis e nada substitui o acompanhamento médico e psicológico. Além de incentivar o tratamento, o QSA procura abordar o tema de uma forma mais humana. A ideia é espalhar amor. É oferecer um pouco de luz em meio à sombra. É mostrar que ninguém precisa passar por isso sozinho, que existe alguém para entender sem julgar. É, se o bicho pegar, respirar fundo e dizer: que se ame!
Texto: Maria Carolina Dias
Revisão: Julia Benatti
Imagens: Suellen Jacques