Não deixe o samba acabar

festival invernoQuando a UFSJ anunciou que este ano o Inverno Cultural seria cancelado, por não ter obtido captação mínima de recursos, foi grande a surpresa e frustração dos alunos. O festival é realizado há 28 anos. O anúncio foi feito em 25 de maio, no mesmo dia em que os proponentes de oficinas, palestras e eventos esperavam ansiosos pela lista de aprovados.

Depois do susto inicial, porém, a reação foi imediata: na mesma noite alunos já fomentavam nas redes sociais a possibilidade de promover um festival por conta própria. Por que não? E desde então uma equipe tem trabalhado duro para que o festival aconteça.

Por ironia, o tema do Inverno Cultural para este ano seria a comemoração do centenário do samba. E se depender dessa equipe valente, por aqui o samba não vai morrer e o Inverno Cultural não vai acabar.

Precisa-se de Voluntários

Uma das organizadoras é a aluna Bianca Côbbo do curso de Jornalismo. Ela afirma que ainda precisam de muita ajuda. A Universidade está apoiando, cedendo espaços físicos. Mas são necessários auxílios com alimentação, material para oficinas, contribuição financeira e de pessoal para monitoria. O festival também está recebendo contribuições de crowdfunding pelo site Kickante. Você pode descobrir formas de ajudar, acesse o site para saber mais: http://naodeixeaculturamorrer.com.br.

Entre as atrações, ela conta mais de 80, que incluirão dança, teatro e música, de artistas locais e de fora. Muitos dos que haviam se inscrito para o festival oficial ofereceram seu trabalho como voluntários. Isso demonstra a importância do evento que  se tornou patrimônio de São João: “A cultura tem uma importância peculiar, porque as artes contribuem na formação de caráter, ideologia, além de estarem aliadas ao raciocínio lógico de um indivíduo. Quem consome cultura, absorve sabedoria e por isso ela não pode morrer”, afirma Bianca.

Pelo direito à cultura

Jessika Damásio, mestranda em Psicologia, considera que a construção do festival alternativo carrega em si um grande movimento social: “A mobilização foi intensa e única. Foi algo bonito e inspirador de se ver”. Mas, em sua opinião, o festival poderia ser mais politizado. Ela considera que um festival alternativo é subtraído de sua potencialidade se não tiver um caráter de contestação. “O que falo é da luta pelo direito à cultura pra todos”, declara. Na centralidade dos eventos da universidade, Jessika observa que muitas vezes a instituição esquece “das populações menos favorecidas, das favelas, guetos e minorias que também compõem a cidade de São João del-Rei.”

Bianca explica que uma preocupação do grupo desde o princípio foi essa: “Entendemos a importância em levar cultura a outras comunidades mais afastadas do centro, é necessário que haja essa aproximação e faremos na medida do possível.”

O essencial é que a relação universidade-comunidade seja cada vez mais próxima e vista de perto. Que ações como essa partam do ímpeto e união dos dois universos. E, afinal, atos como esses são sempre importantes, porque também existe a opção de cruzar os braços e não se fazer nada. Jessika conclui: “Pra mim o festival alternativo pode trazer grandes modificações e sua potencialidade, por ter sido criado pela população, é inegável”. Falta pouco: o festival acontecerá entre 16 e 24 de julho. Não vai perder!

Texto: Dani da Gama
Revisão: Julia Benatti
Imagens: Divulgação