Olhares – Juliana Galhardo

Juliana Galhardo está no 3° período e conversou um pouco sobre suas fotos selecionadas. Para ela, fotografar templos, ícones e rituais é sempre uma experiência incrível, ainda mais quando representam tão bem a cultura nacional, tão linda e peculiar, tantas vezes vítima de marginalização e preconceito. Confira o que a Juliana preparou:

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Juliana Galhardo

Eu amo fotografia desde criança. Ganhei minha primeira câmera, uma analógica, quando tinha uns 7 anos. Mas para mim fotografia  sempre foi mais do que o ato de fotografar, é o  vício de registrar as  coisas que passam  pelos  meus  olhos  para  que  outros  olhos  possam  ver  essas  coisas,  e,  muitas  vezes,  para  mim  mesma,  para revisitar. Tem tudo a ver com o registro, o poder de materializar uma lembrança.

Às vezes eu tenho a impressão de que a maioria das memórias vão se perdendo no tempo, nessa coisa tão corrida que é a vida. Por isso optei por ver muitas coisas através da lente de uma câmera, assim meus olhos podem ver, minha mente vai lembrar, mas a câmera vai materializar. Eu estou ciente de que tudo que é material tem uma vida útil e que, em tempo indeterminado, também vai se extinguir, mas, enquanto durar, vai passar pela vida de muitas pessoas e copiar minha lembrança na memória de cada uma delas.

Tenho um acervo com todas as fotos que eu já tirei, desde as revelações das fotografias feitas com câmeras analógicas, às milhares de fotografias digitais. Conforme meu equipamento fotográfico foi evoluindo eu percebi qual seria meu grande desafio: dominar o equipamento, as possibilidades são quase infinitas e o equipamento é cada vez mais sofisticado e delicado. Luzes fora do comum me fascinam, como a luz azul presente em alguns espaços  do  terreiro  de  umbanda.  Essas  luzes  não  podem  simplesmente  ser  ignoradas  ou  removidas  da fotografia, elas também compõem o ambiente. Outras fotografias cabem melhor no preto e branco. O fato é que, para atender a todas as demandas da fotografia pretendida, não se pode estranhar o equipamento, o que exige estudo e prática.

Fotografar templos, ícones e rituais é sempre uma experiência incrível, ainda mais quando representam tão bem a cultura nacional, tão linda e peculiar, tantas vezes vítima de marginalização e preconceito.