Crescimento da frota de
veículos é o principal responsável
pela péssima mobilidade urbana na cidade
Foto: Jederson Lucas

A aquisição do tão sonhado automóvel tem se
tornado cada vez mais fácil. Com o aumento do poder aquisitivo da população, aliado
`as facilidades encontradas na hora da compra, nos últimos anos, o número da
frota de veículos no país tem crescido exponencialmente. Dessa forma, os
problemas de mobilidade urbana, que até então eram exclusivos das grandes
metrópoles, atualmente já fazem parte da rotina das cidades de médio e pequeno
porte.

Em São João del-Rei, esses problemas são vivenciados
diariamente por motoristas e pedestres. A principal razão está ligada ao fato de
a infraestrutura da cidade não ter conseguido acompanhar o “boom” do aumento
percentual na frota dos meios de transporte. Segundo dados do Departamento
Nacional de Trânsito (DENATRAN), no ano de 2004 havia, na cidade, 19424
veículos. Já no fechamento do último ano, havia 44748, o que corresponde a um
crescimento de 130% em 10 anos.

                                              
A infraestrutura precária do trânsito da
cidade afeta, principalmente, aqueles que convivem diariamente com ele. O
taxista André Silva apontou os principais problemas que o afligem em seu
trabalho:
– “Falta sinalização, fiscalização e ruas
adequadas para o fluxo de veículos. São João del-Rei precisa de tudo isso.”                             
Se os motoristas se sentem prejudicados, os
pedestres também manifestam insatisfação pelo fato de estarem perdendo espaço
para os automóveis. Essa disputa entre carros e pedestres acaba por gerar conflitos
entre as partes. “Falta conscientização, educação e respeito dos dois lados”,
frisou a pedestre Rosa Mariléia, que ainda comentou sobre a dificuldade
existente em atravessar a rua em locais em que há faixas de pedestres, mas
nenhuma sinalização:

– “São poucos os motoristas que dão
preferência aos pedestres.”
As pessoas que trabalham à noite também
presenciam a arcaica estrutura do trânsito na cidade dos sinos. Para o moto-taxista
Carlos de Almeida, aqueles que trabalham nesse turno são ainda mais prejudicados.
“É complicado. A gente que trabalha à noite corre até risco de acidentes. Temos
que ficar ainda mais atentos, porque não há uma boa sinalização, nem organização.”

Foto: Jederson Lucas

Além do grande crescimento da frota de carros,
outro fator que leva São João del-Rei a sofrer com a deficitária estrutura, é o
fato de ser uma cidade histórica, como afirmou o diretor do Departamento
Municipal de Trânsito, Aracélio José dos Santos. “Por ser uma cidade antiga, a
cidade não teve um planejamento de construção: as ruas são estreitas e também falta
calçamento em algumas”, explicou.

Para Santos, um estacionamento rotativo
aliviaria o trânsito. “Muitas pessoas estacionam às 8h da manhã e saem apenas
às 18h; então quem vai chegando fica sem lugar para parar, tumultuando o
tráfego”, afirmou. O diretor ainda comentou que algumas mudanças serão
estudadas tais como a sinalização, que precisa ser reformulada, bem como algumas
ruas, que necessitam de mudanças no sentido do tráfego.

Com a atual situação, algumas iniciativas já
começaram a ser implementadas. Já está ocorrendo a substituição de
semáforos com iluminação de leds, pinturas em várias ruas e trocas de placas de
regulamentação de estacionamento no Centro. Para esse ano, o Departamento
Municipal de Trânsito pretende criar um Plano de Mobilidade Urbana. Entretanto,
até o momento, existe apenas um estudo produzido dentro de uma proposta voltada
ao transporte coletivo.

Para o aposentado José Arthur, que vive em
São João del-Rei há 25 anos, para que o plano dê certo, é necessário um
especialista no assunto que conduza corretamente a ação. “Nada adianta se não
for organizado por um engenheiro do trânsito, alguém que consiga pensar e
organizar direito o projeto. Só assim o trânsito aqui vai fluir”, comentou Arthur.

Texto: Leonardo Duque / Richardson Freitas /
Thobias Vieira /VAN

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