“Todo camburão tem um pouco de navio negreiro”. Com a letra de Marcelo Yuka, Luan Sigaud Vasconcelos, representante do Levante Popular da Juventude, abriu a roda de conversa que debateu o extermínio da juventude negra, evento que fez parte da programação da Semana da Consciência Negra em São João del-Rei. O evento, realizado entre 15 e 20 de novembro, foi uma parceria entre movimentos culturais como o grupo Raízes da Terra, Grupos de Congada e de Capoeira, Levante Popular, coletivos Carcará e Dandara, e a Prefeitura Municipal.

A programação teve início com um cortejo na manhã do dia 15, quando representantes do coletivo Dandara – que pesquisa e dissemina a cultura afro-brasileira – distribuíram balões de gás com mensagens para o público. Durante os seis dias, ocorreram debates e reflexões, através de rodas de conversa, oficinas e palestras que abordaram desde problemas de saúde pública até questões estéticas, como a oficina de penteados afro e o desfile de beleza negra.

Na noite de ontem, pelo encerramento da Semana, o prefeito Helvécio Luiz Reis lembrou que o país e, mais especificamente, São João del-Rei tem uma dívida enorme para com a comunidade negra. O prefeito chamou atenção ainda dos estudantes para que utilizem recursos governamentais e realizem projetos que valorizem comunidades como o Cajuru e Emboabas, que podem ser consideradas quilombos ou comunidades quilombolas.

Para Luan Vasconcelos, é importante comemorar, mas também é preciso refletir. “A formação econômica brasileira foi uma máquina de triturar pessoas, da qual saiu sangue negro e índio. Há um elemento histórico a ser recuperado e compreendido”, explica. Luan ainda menciona o mito da democracia racial, em contraste com a representação social e identitária do negro: “É preciso descolonizar a mente, sempre. É preciso, sem xenofobia quanto à cultura européia, dos colonizadores, compreender e valorizar a contribuição de outras matrizes culturais”, afirma.

Níbia Carine da Silva, 24 anos, participa do grupo Raízes da Terra, do bairro São Geraldo, e explica que o grupo de maracatu trabalha pela valorização da cultura africana e tem função social em sua comunidade. Para ela, não se pode deixar morrer a cultura afro-brasileira. “A história da nossa cidade foi toda construída sobre a força do negro”. Por fim ressalta que é importante cada um “valorizar sua cultura e se amar como é”.

VAN/ Dani da Gama
Foto: Dani da Gama

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