Por Geovana Nunes Alves Pereira

É um homem? É um pássaro? Crédito: Ian Pablo Furtado

A cidade de Barbacena ainda não se libertou do rótulo de “cidade dos doidos”, mesmo que os acontecimentos que chocaram todo o Brasil tenham acontecido há anos. Uma parcela do tratamento desumano que as pessoas internadas no antigo Hospital Colônia, que hoje faz parte da FHEMIG (Fundação Hospitalar do Estado de Minas Gerais), foi documentada e representada no Museu da Loucura. 

Localizado no terreno da FHEMIG de Barbacena, o Museu apresenta sensações desconfortáveis e agonizantes ao mostrar ao público as barbaridades que aconteciam dentro do Pavilhão. Todas as emoções experimentadas dentro das salas de exposição são uma parte mínima de todo sofrimento passado por todas as milhares de pessoas que estiveram naquele lugar. Porém, o desconforto sentido pelo visitante é essencial para lembrar sempre a importância da Luta Antimanicomial. E hoje, no dia 18 de maio é marcado o Dia Nacional desta luta.

Convite da Coordenação de Saúde Mental de Barbacena ao evento de hoje. (Divulgação) 

A Praça dos Andradas, no centro da cidade de Barbacena, vai sediar o evento da Luta Antimanicomial no município. Vai acontecer das 13h às 15h da tarde desta quinta-feira. Fruto de uma organização da Coordenação de Saúde Mental de Barbacena, o encontro vai contar com os usuários, familiares, trabalhadores, amigos, parceiros e simpatizantes da Rede de Saúde Mental da cidade. As apresentações musicais serão abertas ao público e a participação do mesmo. Todos os anos os organizadores e pessoas que estão dentro da luta antimanicomial usam uma camisa feita para o evento. Todas as camisas já produzidas serão expostas, assim como os estandartes. Flávia Vasques, coordenadora do setor, reforça que a luta antimanicomial é diária. Neste ano o tema será “BarbaCena: Cena de cuidado, mudança, respeito e liberdade.”

Guimarães Rosa, escritor mineiro, descreve em seu conto “”Sorôco, sua mãe e sua filha” a forma desumana que os trens transportavam as pessoas até o Hospital Colônia.   “Assim repartido em dois, num dos cômodos as janelas sendo de grades, feito as de cadeia, para os presos”, narra Guimarães. 

No fim de seu conto, ele aproxima a forma como todos os personagens pensam. Como uma só.

Banner colocado no Museu da Loucura de Barbacena. Crédito:  Geovana Nunes

Existe uma parte do Museu da Loucura, lembra um armário, em que estão expostos instrumentos com os quais os médicos realizavam lobotomia nas pessoas que ali estavam internadas. Dentro dessa pequena sala, você consegue ouvir um coração batendo. E você pode sentir que ele bate da mesma forma que o seu. 

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