O trânsito na cidade foi municipalizado há mais de 1 ano. Verificamos como está o funcionamento e quais são os problemas de acordo com os usuários

Assim como a maioria das cidades brasileiras, São João del-Rei não foi planejada. O desenvolvimento gerado pela mineração e da agropecuária garantiu ao antigo Arraial Novo do Rio das Mortes o título de cidade, mas o crescimento populacional e a ocupação do espaço urbano ocorreram sem regulamentação.

Hoje, a cidade dos sinos atrai visitantes de todo o país com o turismo histórico e novos moradores com a universidade que sedia. Reflexo disso são seus quase 90 mil habitantes e o  crescimento da frota de automóveis (o aumento percentual foi acima de 38% no período entre 2010 e 2015, de acordo com dados do IBGE). Mas, devido à falta de planejamento, a mobilidade em São João fica cada dia mais complicada.

São frequentes os congestionamentos na cidade em horários de pico. FOTO: Monitor das Gerais
São frequentes os congestionamentos na cidade em horários de pico. FOTO: Monitor das Gerais

Em pesquisa realizada pela equipe VAN de reportagem, 86% dos entrevistados acredita que o trânsito não funciona de maneira adequada. Cerca de 83% relata não se sentir seguro no trânsito da cidade.

Dentre causas relatadas para os problemas apresentados estão a falta de educação na relação motorista/pedestre, ruas e calçadas inadequadas para a mobilidade, desrespeito às leis de trânsito, excesso de automóveis, falta de espaços adequados para bicicletas e pedestres e sinalização.

Para resolver estas questões, a professora de Arquitetura e Urbanismo especializada em Planejamento Urbano da UFSJ, Daniela Abritta, acredita que é necessária a elaboração de um plano de mobilidade que controle o fluxo de veículos, pedestres e defina áreas de estacionamento na cidade. “Além disso,  há a necessidade de articular a política urbana ao plano de mobilidade”,  completa.

Abritta também aponta para a necessidade de outros métodos efetivos para a locomoção. “Melhorar o sistema de transporte público e implementar estrutura para transporte alternativo, como as ciclovias, pode incentivar a não utilização de veículos particulares. A descentralização de atividades também ajudaria a reduzir deslocamentos pela cidade”, explica.

Trânsito em São João del-Rei - FOTO/VAN: Laila Zin
Trânsito em São João del-Rei – FOTO/VAN: Laila Zin

Em agosto de 2015 o trânsito da cidade foi municipalizado, o que significa que a Prefeitura é a responsável por conscientizar a população sobre segurança, além de fiscalizar e penalizar irregularidades. Em entrevista, a Assessoria da Prefeitura Municipal afirma que “parte da Guarda Municipal já está nas ruas para impedir estacionamentos irregulares, entrada de grandes veículos no centro histórico, bem como trabalhar a educação no trânsito com a população”.

 

A questão da Viação Presidente

Questionados sobre o uso de transporte, 72,2% dos entrevistados afirmou se locomover através de ônibus pela cidade. Destes, 92% se declararam insatisfeitos com o serviço oferecido pela empresa de viação de transporte Presidente.

A insatisfação do público deriva da falta de pontualidade, condições precárias dos veículos, poucos horários em algumas linhas e rotas, e o preço da passagem. Tais condições já foram apontadas diversas vezes em protestos pela cidade. Para saber qual a melhor maneira de buscar melhorias no sistema de transporte público, confira a matéria produzida pela equipe VAN em março deste ano.

A licitação que regulariza o direito da empresa em ofertar seus serviços pela cidade é mantida em “título precário”, ou seja, é uma permissão, não um direito. A Assessoria da Prefeitura esclarece que isso ocorre por se tratar de um serviço indispensável. “A justiça estadual julgou nula a licitação realizada pela administração anterior (no período de 2009 a 2012). Assim, quando o atual prefeito – Professor Helvécio – assumiu em 2013, foi mantida  a contratação da empresa Presidente por se tratar de serviço essencial e pelo trâmite demorado de uma licitação dessa relevância. Uma nova licitação está em fase de preparo”, afirma.

 

TEXTO/VAN: Rebeca Oliveira

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