Com os olhos voltados para a chamada
economia criativa e sustentável, Focest quer fortalecer a indústria de
biscoitos de São Tiago
O Fórum Cultural e de Empreendimentos
de São Tiago (Focest), por meio de seu Ponto de Cultura, vai investir R$30 mil
na criação de uma fábrica de embalagens recicladas para os biscoitos da cidade.
A ideia é reaproveitar materiais que são descartados pelas padarias (indústrias
de biscoitos) como papelão, pentes de ovos, sacos de farinha e polvilho. 
Para criar as novas
embalagens, o Focest firmou parceria com o Instituo Artístico de Belo Horizonte
Yara Tupynambá. Que em janeiro de 2012 vai ministrar, no valor de R$ 10 mil, a
“oficina de criação e confecção de embalagens artesanais decorativas
recicladas”. Além da oficina, o instituto também é o responsável pela criação
do design das novas sacolas.
Em entrevista por
telefone, o diretor-presidente do Instituto, José Theobaldo, disse que os
modelos das sacolas serão desenvolvidos ao logo do curso, mas eles poderão
seguir algumas tendências. “Pensamos em embalagens práticas para o dia-a-dia. O
modelo de alças, o tipo de corte, retangular, quadrado, triangular, bem como as
cores e a serigrafia vão ser construídos com os alunos ao longo do processo”.
Theobaldo informou ainda que as embalagens devem ser renovadas sempre e podem
acompanhar tendências da moda ou se adaptarem a algumas datas festivas.    
O curso será oferecido à
Associação dos Artesãos de São Tiago. “A fábrica das embalagens funcionará em
comodato com eles. Como se fosse uma espécie de empresa incubadora”, explica o
presidente do Focest, Geraldo Sampaio.
A chamada economia
criativa e sustentável promete um fôlego maior à atividade biscoiteira da
cidade. “Isso vai agregar valor ao biscoito, diminuir o desperdício de matérias
nobres, recicláveis e incrementar a atividade dos artesãos”, comenta Sampaio.
O diretor do Instituto
Yara Tupynambá lembra que a produção das embalagens não deve ser vista como um
meio de vida. “Mas é para aquelas pessoas que estão precisando de um
dinheirinho a mais”. Theobaldo esclarece ainda que por enquanto é prematuro
pensar em exportação. “Antes é preciso ver se terá condições de concorrer com o
mercado externo. Qual será o volume de produção, o preço praticado. Mas
considero significante mesmo é o mercado interno”, afirma.   
Apesar da expectativa
positiva em relação às novas embalagens, o produto não vai encarecer os
biscoitos. Isso porque os saquinhos de plásticos, os que são permitidos pela
Anvisa, vão continuar sendo comercializados. As sacolas recicladas terão que
ser compradas à parte.
 Sampaio explica que o custo das sacolas pode
ser recuperado numa venda maior de biscoitos. “Suponha que na festa do
biscoito, a cada dez pacotes de biscoitos vendidos, o cliente ganhe uma
embalagem reciclada. Isso aumenta a venda per capta do produto. Ao invés de
vender um ou dois pacotes, os produtores vendem dez. O custo da sacola poderá
ser pulverizado no volume da venda”, contabiliza.
O convênio com o Instituto
Yara Tupinambá começou em 2007 quando o prefeito de São Tiago, Denílson Silva
Reis, entrou em contato com a artista que dá nome à instituição. A oficina faz
parte do edital do Ponto de Cultura de São Tiago aprovado em 2010 para o triênio
de 2011 a 2013. 
Produtores
Alexandre Nunes Machado é
dono de padaria em São Tiago. Por semana, descarta cerca de 30 sacos de
polvilho, 144 pentes de ovos, 18 sacos de farinha e caixas de papelão que
embalam diversas matérias-primas. Com as sacolas feitas a partir desse
material, espera um impacto positivo na economia local. “É uma nova situação
que pode movimentar a economia. Traz um ciclo de sustentabilidade e
visibilidade para o município já que demonstra uma preocupação com o meio
ambiente”, afirma.
Outro produtor de
biscoitos que descarta grande quantidade de recicláveis é Ronaldo Lara. Em uma
semana de atividade, joga fora 400 sacos de polvilho, 560 pentes de ovos e 20
sacos de farinha. Com a reutilização desse material, além de reduzir o impacto
no meio ambiente, espera aumentar a comercialização dos biscoitos. “Ainda não
fizemos um estudo do impacto. Mas se sacolas forem bonitas, vai agregar valor e
aumentar as vendas”, diz.
A cada 15 dias, as 40
fábricas filiadas à Associação dos Produtores de Biscoitos de São Tiago
consomem cerca de 4,8 mil dúzias de ovos e 20 toneladas de polvilho. Todo o
material que embala esses produtos deve ser reaproveitado com as novas
sacolas. 

Yara Tupinambá
O Instituo Yara
Tupynambá foi criado em 1987. Seu principal objetivo é promover as artes por
meio de cursos de qualificação. Atua ainda no incentivo de atividades culturais
e educacionais. Segundo o site do instituto, sua atuação quer “qualificar ou
requalificar trabalhadores nas áreas do artesanato, confecção, construção
civil, informática e gastronomia. Com mais de cinco mil alunos formados por
ano”.
          Reportagem e Fotos: Douglas Caputo
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