Últimos dois boletins epidemiológicos do município registram mais de 2200 casos suspeitos de dengue e 475 de chikungunya

Por Clarice Muscalu, Lara Cristina Reis e Maria Beatriz Garcia

Nas duas últimas semanas, entre 5 e 19 de junho, São João del-Rei manteve número semelhante de casos de dengue e chikungunya em relação aos dados divulgados ao fim do mês passado. O último boletim epidemiológico emitido pelas secretarias Municipal e Estadual de Saúde apontam, até agora, 1085 casos prováveis de dengue, enquanto os de chikungunya estão em 415. No começo do mês, as notificações somavam mais de 2200 para dengue e 475 para chikungunya, com mais de 570 e 230 casos confirmados, respectivamente.

Esse índice é superior em relação à soma de junho de 2022, quando havia cerca de 163 suspeitas de dengue e 3 de chikungunya, o que indica um aumento de mais de 800% no número de notificações. Em 2023, a cidade tem enfrentado uma epidemia simultânea de doenças transmitidas pelo mosquito Aedes aegypti. Os bairros com maior incidência de casos confirmados de dengue são Matozinhos, São Geraldo, Tijuco e Bom Pastor, além do distrito de  São Sebastião da Vitória. Já os mais afetados pela chikungunya são Bela Vista, São Geraldo e Dom Bosco.  

Cintia Valéria Zanetti, mobilizadora social e educadora de saúde do Setor de Endemias da Secretaria Municipal de Saúde, informa que a epidemia em questão já havia sido prevista pelo Ministério da Saúde. Com isso, ano passado, o setor de endemias criou um plano de contingência para enfrentar esse surto. “Teve toda uma preparação, nós já estávamos mesmo esperando”, afirma Zanetti.

Além da visita realizada pelos agentes da dengue às residências dos cidadãos, o setor faz palestras em diversas escolas e possui vários projetos. Dentre eles está a iniciativa “Por uma São João del-Rei mais limpa”, responsável por fazer uma limpeza na cidade, e o projeto “Imobiliária em Ação”, no qual uma equipe vai a todas as casas de imobiliária sem presença humana para eliminar criadouros. Nesse âmbito, a mobilizadora social comenta que, há pouco tempo, a Secretaria de Saúde, juntamente com as secretarias de obras, agricultura, educação e meio ambiente, realizou uma força tarefa para recolher os resíduos não levados pelo caminhão de lixo e conscientizar a população.

Ela destaca que o segundo LIRAa (Levantamento Rápido de Índices para Aedes aegypti) do ano aponta São João del-Rei como uma cidade com médio risco para infestação de mosquitos-da-dengue. A pesquisa ainda indica que os depósitos de larvas predominantes são: vasos de plantas; ralos; espaços atrás de geladeiras; pratinhos; e pingadeiras. 

Para Zanetti, a população precisa levar a dengue a sério. “Para diminuir esses casos, as pessoas têm que cooperar não deixando água parada”. Assim, ela ressalta a necessidade de separar dez minutos do dia para que seja feita uma vistoria na residência, “eliminando tudo aquilo que possa ser um possível criadouro”.

A coordenação da Vigilância Epidemiológica Estadual, que analisa os dados e notifica a incidência de doenças aos setores de saúde do município, reafirma a situação de alto risco e a necessidade de conscientização e mobilização social. Ainda de acordo com a coordenação, o número de agentes de endemias na cidade não é proporcional ao número de habitantes, o que torna a ação conjunta dos órgãos públicos, dos agentes de endemias e da comunidade imprescindível para o combate às doenças transmitidas pelo mosquito.

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