A Fundação Olhos D’Alma é uma organização não governamental, sem fins lucrativos, localizada no bairro Expedicionários na cidade de Conselheiro Lafaiete. A entidade tem como principal intuito a inclusão dos deficientes visuais, colocando-os na maior independência possível, através de apoio educacional, cultural e terapêutico. A instituição fundada há 13 anos atende atualmente 85 pessoas, tendo como público crianças desde o nascimento e em idade escolar, alfabetizadas ou não, e jovens e adultos. Trabalham na ONG 20 funcionários, sendo seis voluntários e mais 20 pertencentes à diretoria.
      Segundo Zélia Vieira de Rezende, presidente da instituição, a motivação para criar a entidade veio da necessidade de incluir tanto os cegos propriamente, como os indivíduos que possuem baixa visão fornecendo uma maior perspectiva para essas pessoas. “Busco compartilhar as experiências com esses indivíduos que passam pela mesma dificuldade, transmitindo o conhecimento e os obstáculos vencidos através de informações, atividades próprias, reabilitação e possibilidades de atendimento, com o intento de proporcionar melhor qualidade de vida”, ressalta.
      As atividades realizadas na instituição são direcionadas de forma interdisciplinar e multidisciplinar, sendo especificadas em referência ao tipo de atendimento, de acordo com a necessidade de cada deficiência. Estão presentes educação e pedagogia, práticas esportivas e culturais, atendimento psicoterapêutico e psicossocial, inclusão digital e orientação e mobilidade. Além de estimulação precoce, visual e sensorial, ensino do sistema braile e soroban (cálculos matemáticos), saúde da visão e promoção humana.
      De acordo com Zélia cada área possui um trabalho diversificado. Na educação e pedagogia, principalmente na inclusão escolar, a fundação busca facilitar a aprendizagem do aluno com necessidades educacionais específicas, tanto na entidade quanto junto à escola. Na saúde da visão a estimulação principal é nos bebês. Já na promoção humana, Zélia ressalta a importância de atuar juntamente com as famílias dos pacientes. “Orientamos, informamos e conscientizamos os familiares as peculiaridades da pessoa com deficiência visual, e procuramos trabalhar preconceitos e tabus para evitar a superproteção ou a rejeição”, explica.
      Na parte infantil a fundação auxilia crianças de 0 a 6 meses na estimulação precoce e de 3 a 7 anos na estimulação visual. Nessa última, o objetivo é auxiliar a criança através do contraste e estímulos luminosos, e trabalhar com o resíduo visual e os sentidos remanescentes. “A criança que utiliza o tampão geralmente não se adapta a ele, sendo extremante resistente. Na entidade recebemos casos de crianças que utilizaram o adesivo desde bebê e que através da família, que é extremamente importante, e do acompanhamento não deixaram de utilizar e passando para estimulação visual não precisaram mais do tampão, devido ao tratamento correto desde a estimulação precoce”, explica a pedagoga Andreia Marta de Rezende. Ainda segundo Andreia, esse tipo de atendimento que a fundação fornece é o único na região e é importante para a inclusão das crianças. “Os familiares participam das seções, o que é extremante vantajoso para que eles possam acompanhar o desenvolvimento do filho e aprender para estar aplicando em casa”, diz.
      A área sociocultural é voltada para a sociabilização, incluindo atividades culturais (coral e artesanato) e esportivas. Os membros da fundação participam anualmente de competições oficiais esportivas para paratletas de nível regional e nacional. A entidade possui filiação com o Comitê Paraolímpico Brasileiro (CPB) e com a Confederação Brasileira de Desportos de Deficientes Visuais (CBDV). “Antes a fundação era voltada somente para o deficiente visual, mas no final de 2010 apresentei uma proposta de amplitude das deficiências na parte esportiva, para englobar também pessoas com deficiências físicas ou múltiplas”, destaca Graziela Fátima Pereira, professora de Educação Física e coordenadora dos esportes adaptados.
Captação de recursos
      O financiamento da Fundação Olhos D’Alma é realizado através de doações por parte da população, que pode ser por carnês, depósitos em conta ou pelo convênio com a Cemig, além de verbas advindas do poder judiciário. Segundo Graziela, a fundação assim como toda ONG passa por dificuldades financeiras, pois infelizmente no decorrer dos últimos anos abriram-se muitas ONGs clandestinas que viabilizam verba federal para uso pessoal e não em prol da instituição, e isso dificulta a aprovação de projetos e recursos públicos. “Como vivemos de doações, nós precisamos que as pessoas se sensibilizem e colaborem com o nosso trabalho para dar continuidade com os alunos atuais e para os que estão na fila de espera. É necessário também que o governo volte à atenção para os deficientes visuais. Hoje as patologias que acometem os olhos são grandes, tanto em relação aos acidentes quanto aquelas clinicamente testadas.” argumenta Graziela.
      “Depois da participação na fundação, eu virei outra pessoa, minha vida mudou completamente. Antigamente passava o dia todo em casa em depressão e hoje sou outra mulher. Participo de todas as atividades da fundação, incluindo atletismo, goalball, futebol de cinco. É uma experiência gratificante pra mim, gosto muito de aprender e compartilhar os avanços”, relata Luciana Aparecida de Oliveira, membro da entidade há 10 anos.
      A instituição possui cadastramento e aprovação no Ministério da Saúde, e supervisionamento pelo SUS(Sistema Único de Saúde). Atualmente, segundo a presidente Zélia o objetivo da fundação é implantar um consultório oftalmológico, com atendimento clínico gratuito. Com esse procedimento e aprovação junto com o SUS o atendimento pode ser estendido para a região Centro-Sul de Minas Gerais, ampliando o auxílio para 55 cidades, inclusive a microrregião de São João del-Rei e de Barbacena.
      O horário de funcionamento da ONG é de segunda a sexta, de 8h às 17h e nos finais de semana há participação em eventos esportivos e apresentação do coral. Para ajudar a Fundação Olhos D’Alma entre em contato pelo telefone (31) 3761-7707, ou através do depósito:
Banco: Bradesco
Conta Poupança: 016604-9
Agência: 1392-7 – Conselheiro Lafaiete/MG
      Reportagem e foto: Fernanda Silva.
Para copiar e reproduzir qualquer conteúdo da VAN, envie um e-mail para vanufsj@gmail.com, solicitando a reportagem desejada. É simples e gratuito.

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