“Talvez esta seja uma das funções da imagem: fornecer instrumentos àqueles que sonham com um mundo mais justo, pacífico e democrático”, João Kulcsár

O terceiro dia do 7º Festival de Fotografia de Tiradentes teve como atração principal a palestra do fotógrafo Paulista João Kulcsár. No teatro Casa de Boneco, Kulcsár abordou assuntos como a prática da fotografia como instrumento para a alfabetização Visual.

Formado em Engenharia Mecânica pela Fundação Armando Alvares Penteado, João Kulcsár foi se envolvendo com a fotografia e acabou se transferindo para área da comunicação. A preocupação com a manipulação de imagens no país também o ajudou na troca de profissão, “o poder da imagem no Brasil é muito forte por isso é preciso que as pessoas saibam fazer essa leitura do que acontece na televisão a partir dessa manipulação de imagens”, conta. Daí trabalha com o projeto de Alfabetização Visual, tendo como objetivo a leitura crítica de imagens e produção de imagens, além de desenvolver curadoria de exposições fotográficas e ser Professor no Centro Universitário Senac.

FOTO/VAN: Camille Gallo
FOTO/VAN: Camille Gallo

A fotografia, para ele, é uma forma de expressão, uma forma de transformação social. Tendo como principal pública alvo as classes mais abastadas Kulcsár diz que, todos têm a responsabilidade de mudar esse país de muita miséria e a fotografia está sendo muito importante ou você produzindo ou você fazendo leitura crítica do que acontece na sociedade.

O público presente no local saiu bem satisfeito com o que viu e ouviu. A carioca Joana, de 30 anos,  participou pela segunda vez do evento e sentiu falta de mais oficinas gratuitas. “Da outra vez que eu vim tinha várias oficinas gratuitas, dessa vez têm muito mais exposições, mas menos oficinas sem custo”, afirma. Ela contou que conhece o trabalho do fotógrafo devido uma exposição feita por ele em seu local de trabalho, o Instituto Moreira Salles, onde ela tem fotografias.

Pensando em voltar mais vezes Anne Oliveira, estudante do 2° período de jornalismo pela PUC Coração Eucarístico, destaca o grande número de workshops, a diversidade e a interatividade do evento. Mas, diz sentir falta de mais popularização e da exposição de mais obras de artistas da região. De acordo com ela, um dos portos mais marcantes da palestra foi quando João explica o processo de ensino da Alfabetização visual. “Ele trazer este projeto pro Brasil e não só fazer, mas também explicar como acontece em festivais é muito importante”, diz Anne.

 

Alfabetização Visual

FOTO/VAN: Camille Gallo
FOTO/VAN: Camille Gallo

A ideia desse projeto é trabalhar com multiplicadores, é fazer as pessoas se sensibilizarem através da necessidade do Brasil. Acreditando que a fotografia pode ser um instrumento de transformação social, Kulcsár tem como público alvo as minorias, as classes mais baixas e aqueles que ocupam um espaço de discriminação na sociedade e tenta desenvolver essa alfabetização das pessoas sensibilizando-as para que elas pensem de que forma podem fazer algo para sociedade.

A prática começou em 1990 e vem dando certo até hoje: a fotografia está sendo usada para eliminar a distância entre professor e aluno. “Acho que todas as experiências são válidas, principalmente com a fotografia, porque é a expressão, é o que você está sentindo. Então, se trabalharmos com fotografia não existe professor e aluno”, afirma.

Ele diz ainda que sua motivação para continuar vem da oportunidade de aprender com as pessoas que se relaciona, vem da oportunidade de construir um mundo menos egoísta e estabelecer outra relação da sociedade através da fotografia. Assim, o projeto tem uma relação de troca de experiências e um aprende com o outro. A imagem tem o poder de persuadir, manipular, expor emoções e até mudar realidades.

TEXTO/VAN: Camille Gallo e Victor Zanola

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