Por Antônio M. Dias, Isabela Barbosa, Júlia Diniz e Matheus Teixeira

Fundado em 2018, o Fórum das Mulheres das Vertentes (FMV) surge em contraste à ascensão do neofascismo que vinha ganhando forças, numa onda crescente desde o golpe à presidenta Dilma em 2016, no Brasil. Com o objetivo de proporcionar um espaço de acolhimento para as mulheres das Vertentes, o FMV busca apoiar movimentos feministas, organizações de bairros e ONGs que atuam em prol das mulheres no âmbito regional. Em uma cidade onde movimentos como esses eram, muitas vezes, abafados e fora de discussão, o Fórum veio para dar a voz e a força que faltava para o grupo feminino de São João del-Rei e entorno.

Roda de conversa com participação de Lívia Guimarães – Foto: Instagram / forumdemulheresdasvertentes

Para entender um pouco melhor o projeto, conversamos com uma das coordenadoras e fundadoras do fórum, Cássia Pinheiro. Nas palavras dela, o Fórum é uma articulação que surge no contexto da crise de 2018. Com a ascensão de Bolsonaro ao poder, há um direcionamento de condutas para princípios da extrema direita e do machismo. Ela também acrescenta que, na cidade, não haviam movimentos amplos de mulheres que conseguissem articular os movimentos já existentes. ‘’Essa é a proposta do Fórum, não é um movimento em si, é um articulador de movimentos.” afirma a coordenadora.


Contando com uma metodologia organizativa a partir de Grupos de Trabalhos/Temáticos (GT), o fórum segue se estruturando nas Vertentes e se expandindo para outras cidades, contra todo tipo de agressões. O GT violência, busca realizar ações de formação e atendimento especializado com psicólogas, um dos pontos mais acessados dentro do projeto. Assim, entende-se como o Fórum consegue auxiliar o fluxo de direcionamento de mulheres que enfrentam as mais diversas formas de violência.


Além disso, tem-se os GT ‘s Solidariedade e Trabalho, que surgiram no contexto de pandemia, com objetivo de estabelecer melhores relações entre as mulheres e auxiliá-las na geração de renda para auto sustentação diante dos empecilhos encontrados nesse período, visto que, para muitas mulheres que se encontram em situação de abuso, além de questões psicológicas, um dos principais obstáculos é a dependência financeira gerada por estruturas patriarcais que têm na figura do homem o único provedor de recurso para o lar. Para sair de tais condições, é necessário, para além do trabalho de conscientização, uma ação que se converta e reflita na questão financeiras das mulheres, contribuindo assim para as sua
autonomia financeira.

Entre os desafios encontrados pelo FMV, os principais, segundo Cássia, estão relacionados com o GT Comunicação, responsável por contribuir no processo de mobilização e diálogo com a sociedade para alcançar cada vez mais mulheres e criar uma rede cada vez mais integrada, para além de gestar as redes sociais e cuidar da memória coletiva da organização. Nas palavras da coordenadora, ‘’sair da bolha’’ é essencial para que o movimento alcance com êxito seu propósito. Outro obstáculo acentuado é a falta de apoio dos órgãos administrativos de São João del-Rei, que conta com pouca representatividade na banca de vereadores que levantem pautas feministas de apoio às mulheres, dificultando uma abrangência maior do movimento, por exemplo, na promoção de audiências públicas. Essa questão varia de cidade para cidade, entretanto é fundamental que haja uma construção bem elaborada entre os poderes administrativos dos componentes da região das Vertentes para que o Fórum prospere.


Encontre mais sobre as ações do fórum, como trabalhos realizados, avisos, atividades,
projetos e reuniões, no instagram do FMV: https://www.instagram.com/forumdemulheresdasvertentes/.

Primeira reunião do fórum em 2022 – Foto: Instagram / forumdemulheresdasvertentes