Por Ana Luiza Fagundes

Ao soar da meia-noite do dia 01 de setembro, podia-se ouvir em som estridente as badaladas dos sinos da Igreja da cidade, enquanto seus habitantes repousavam em suas casas. A cada badalada, uma fita amarela saía daquelas melodias e se destacava no céu negro daquela pequena cidade, se entrelaçando nos becos e vielas outrora movimentados durante o dia.

A história por trás desse acontecimento divino começou não muito tempo atrás, naquele mesmo município. Um garoto, de apelido Mark, era alegre e extrovertido. Ao longo do dia, ouviam-se as piadas e palhaçadas que o garoto fazia e, em seguida, a risada de todos em sua volta. Porém, ao anoitecer, quando deitava sua cabeça em seu travesseiro, não conseguia dormir, pois uma nuvem grande e sem forma, tão escura quanto a noite, lhe dava pesadelos e isso perdurou por meses. No início, apesar de não dormir continuou o mesmo de sempre durante o dia, mas, com o passar do tempo, ele ficava cada dia mais cansado e sem ânimo. Todos à sua volta repararam tudo e preferiram não falar sobre.

Um dia após repousar seu corpo novamente em sua cama, olhou para a nuvem com os olhos lacrimejados e perguntou: “Por que? Por que comigo? O que eu fiz? Por acaso machuquei alguém?”. O menino não esperava uma resposta, todavia, com uma voz rouca e melancólica aquela imensidão respondeu: “Lembranças dolorosas e de arrependimento, lembranças de ser machucado e sentir medo, somente esses com tais lembranças no peito podem se tornar fortes, emocionalmente firmes e podem alcançar a felicidade e ajudar outras pessoas a alcançarem também”.

A escuridão fez o garoto cair em um profundo sono e em cima de seu peito colocou uma fita amarela. Ao acordar, o menino correu em direção às pessoas que ele amava e, chorando compulsivamente, pediu acalento. Ao repousar em sua cama na noite daquele dia viu a nuvem menor e menos aterrorizante e disse em seguida: “Sei que você não vai desaparecer em um instante, em uns dias você vai estar menor e em outros maior, todavia quero que saiba que vou lutar e espero que outras pessoas como eu, por mais difícil que seja, lutem e quando se sentirem sozinhas, espero que em algum lugar no peito delas elas sintam que eu estou com elas”.

O menino fechou os olhos e caiu em um sono profundo enquanto as badaladas dos sinos tocavam. Naquele instante, a cada eco, fitas amarelas saíam e ao percorrer toda a cidade, iam mundo afora. Durante o mês de setembro, quem se aventurasse após a meia noite podia ver as fitas voando livremente. Quando o mês acabava, elas continuavam voando, mas não se podia vê-las, apenas sentir que aonde quer que fossem elas o acompanhariam e repousariam falando suavemente em seus corações.

Revisão: Mariana Carvalho

Subeditoria de conteúdo: Maria Beatriz Garcia

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