Evento aconteceu nos dias 7,8 e 9 e valorizou a música autoral feminina

Encerrou-se a Segunda edição do Festival Sonora – Ciclo Internacional de Compositoras, no Centro Cultural UFSJ nesse sábado (09). O festival contou com várias apresentações musicais e oficinas que visam dar maior visibilidade às mulheres do mundo inteiro, para que apresentem seus sentimentos através da música e atividades artísticas, estimulando o seu fortalecimento no âmbito individual por meio da coletividade. Para fomentar a interação entre as musicistas, todos os shows, oficinas, e rodas de conversas foram gratuitos, fato que reforça o ideal do festival, que é a divulgação, exposição e empoderamento das mulheres.

O festival, que começou ano passado, em Belo Horizonte, passando por diversas cidades do Brasil em seu primeiro ano, além de marcar presença fora do país, com edições em Portugal, Irlanda, Espanha, Argentina e Uruguai. O Sonora busca a mistura de diversos ritmos musicais, através de música autoral das compositoras, sendo o processo de gestão e produção do festival todo executado por mulheres, de forma colaborativa, a partir da construção de uma rede de compositoras-produtoras.

A estudante de teatro e organizadora Júlia Dosi comenta a importância do festival para a visibilidade feminina nos ramos artísticos: “As mulheres se sentiram mais confortáveis para colocarem suas composições em jogo, ou mesmo conversar sobre isso, sobre como que é isso nas artes. Historicamente falando, as mulheres não aparecem nas artes, e não só nas nelas. É só mais um reflexo desse machismo generalizado.” Para ela, o evento foi construído coletivamente, por todas que estiveram presentes desde a produção até as artistas. Elas puderam se apresentar sem medo e colocar todo o sentimento em sua música.

Foi o que sentiu a professora de canto e cantoterapêuta Jéssica Maia Máximo. Suas músicas, que falam sobre sexualidade, questões de gênero e feminismo, foram bem recebidos pelo público. Segundo a professora, um festival como esse possui múltiplas funções, entre elas, dar maior visibilidade para as artistas e a confraternização de mulheres artistas. Ela comenta a necessidade de maior representatividade feminina no mundo: “É preciso haver sempre eventos produzidos por mulheres. É preciso haver mais mulheres em muitos lugares. Na política, por exemplo. O mundo precisa, com urgência, da presença das mulheres na vida profissional.”

Para Marialba Matos de Castro, ministrante da oficina Prática de Conjunto para Mulheres, foi uma honra participar do projeto. “Ter conhecido e trabalhado com mulheres da cidade, na possibilidade do ‘fazer musical em conjunto’, só ratificou a força do sagrado feminino, pois o resultado, embora com pouco tempo de trabalho, foi de grande riqueza. Marialba reforça que musicistas e compositoras são eclipsadas pela presença masculina ao longo da História: “Dar voz a nós mulheres na arte, ou em qualquer outro viés, é colaborar com o poder igualitário, calcado no equilíbrio do ” in e iang”. E uma sociedade que busca o equilíbrio é uma sociedade que busca o sucesso.”

TEXTO/VAN: Clara Mattoso e Marcos Coelho

FOTO/VAN: Clara Mattoso

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