Realizado no bairro Giarola, I Festival “Colônia Viva” de Gastronomia Italiana levou, além de culinária, conhecimentos históricos sobre imigrantes da região

Além da Gastronomia, o Festival apresentou espetáculos artísticos
Além da Gastronomia, o Festival apresentou espetáculos artísticos

O I Festival “Colônia Viva” de Gastronomia Italiana transformou a Colônia do Giarola, em São João del-Rei, numa extensão da terra da bota no Brasil. O evento realizado pelo Instituto Vertentes, que ocorreu nos últimos dias 13, 14 e 15, teve como objetivo dar visibilidade ao projeto “Colônia Viva”, que une a comunidade para mostrar a produtividade agrícola dos descendentes de italianos, além de proporcionar experiências culturais com a tradicional culinária italiana.

Ronildo Assis de Oliveira, organizador do evento, destacou a importância do Festival de Gastronomia para os moradores da região: “Organizamos um festival de gastronomia italiana aqui na colônia para valorizar a comunidade e atrair o turismo para cá. A venda dos produtos expostos gera renda às famílias e chama atenção dos políticos para os problemas do bairro”.

Dono de uma pizzaria em Santa Catarina, Ricardo veio a São João del-Rei especialmente para o Festival
Dono de uma pizzaria em Santa Catarina, Ricardo veio a São João del-Rei especialmente para o Festival

Ricardo Rikka é chefe pizzaiolo e dono de uma pizzaria em Bombinhas, cidade do litoral de Santa Catarina. O chefe veio especialmente para o Festival de Gastronomia. Com experiência internacional e diversos cursos no currículo, ele destaca que o amor pela culinária italiana é de família: “Sou descendente de italianos, nosso almoço de domingo sempre teve massa. Aprendi com minha mãe a fazer Nhoque. É algo que está no sangue mesmo”.

Manter a colônia viva

O projeto “Colônia Viva” oferece um roteiro agroturístico para que as pessoas possam conhecer o cultivo de flores e hortaliças, além da produção de queijos, sucos, quitandas e as tradicionais massas italianas. Diversas famílias italianas, das Colônias do Felizardo, Recondêngo e Giarola, abrem suas casas aos turistas, que além de conhecerem a produção local, tem a possibilidade de conhecer a história e os hábitos dos descendentes italianos da região.

Maura Teixeira da Silva Taroco cultiva flores há mais de 45 anos e é uma das integrantes do Colônia Viva. “Vários produtores, cada um com sua especialidade, se uniram para mostrar para São João del-Rei e região o valor que a nossa comunidade possui, em relação a produtividade” comenta.

Ela explicou que o projeto não pretende apenas melhorar economicamente a vida dos integrantes, mas também resgatar a história das colônias italianas na região: “Todos queremos resgatar a nossa história, que se perdeu com o passar do tempo. Não vamos deixar a história da nossa descendência italiana morrer”.

Antônio Taroco, Maura Taroco e Maria das Graças Costa se uniram para apresentar a produção de flores e artesanato durante o festival
Antônio Taroco, Maura Taroco e Maria das Graças Costa se uniram para apresentar a produção de flores e artesanato durante o festival

 

História: A chegada dos italianos à região

Fragmento do jornal "Arauto de Minas" que publicou sobre a chegada dos imigrantes à São João del-Rei
Fragmento do jornal “Arauto de Minas” que publicou sobre a chegada dos imigrantes à São João del-Rei

A história da chegada dos italianos ao Brasil tem início em 1848, com a política de colonização do governo provincial mineiro, que cederia terras devolutas a estrangeiros, em busca de mão de obra para as lavouras e povoamento de zonas agrícolas.

Com a crise econômica da Itália, por volta de 1870, resultado de um longo processo de unificação dos reinos situados na península itálica e formação do território italiano, muitos italianos deixaram suas terras em busca de melhores condições. O jornal “Arauto de Minas”, de São João del-Rei, destacou em sua edição do dia 4 de dezembro de 1888 a chegada dos imigrantes à região.

Hildo Giarola e João Longati Neto são amigos desde a infância, descendentes de italianos e contaram a história da chegada de seus familiares ao Brasil: “O governo brasileiro daquele tempo doava lotes para plantar. A situação na Itália estava muito ruim e o Brasil ofereceu a eles a oportunidade de virem para cá, desde que produzissem nas terras que ganharam. Era bastante complicado vender a produção naquela época, se plantasse um pouco a mais tinha que jogar fora por não ter quem comprasse”.

Hildo explicou que a família Giarola ficou bastante conhecida na região e acabaram dando nome ao bairro onde vivem atualmente. “Dois italianos de sobrenome Giarola se instalaram nessa região. Aqui se chamava ‘Colônia do Carandaí’, mas eles ficaram muito conhecidos e todos começaram a dizer ‘Colônia do Giarola’. A partir de então o nosso bairro passou a ser chamado assim”.

Apesar de serem mineiros, Hildo e João não abandonam suas raízes. Entre a culinária mineira e a italiana, ambos são enfáticos. “Ah, a gente prefere a Italiana! Almoço de domingo tem que ter massa! (risos)”.

João Longati (à esquerda) e Hildo Giarola: netos de italianos e amigos desde a infância
João Longati (à esquerda) e Hildo Giarola: netos de italianos e amigos desde a infância

 

 

TEXTO/VAN: ANDRÉ LAMOUNIER

FOTO: ANDRÉ LAMOUNIER

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