Por Ana Luiza Fagundes, Lara Cristina e Késsia Carolaine 

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Promovendo diversidade por meio de livros infantis, a personagem DoroTEA tem encantado inúmeras pessoas diagnosticadas dentro do espectro autista. De autoria de Bruno Grossi Begê e Daniele Muffato, a obra apresenta o mundo neurodivergente através das aventuras de uma peixinha autista, a qual leva o nome de DoroTEA. Ao todo, três livros já foram publicados: “DoroTEA, a peixinha autista” (2021); “Enfrentando seus medos” (2022) e “Uma autista na escola” (2024).

Nas palavras do escritor e artista visual Bruno Grossi, “A ideia de criar um livro infantil sobre uma personagem autista é explicar de uma forma lúdica e leve o nosso comportamento e as nossas dificuldades, para que de alguma forma a sociedade possa nos entender melhor”. Segundo ele, as potencialidades e habilidades de pessoas autistas costumam ser descredibilizadas ao longo da vida. Assim, levantando-se frente aos estigmas, o projeto busca trazer representatividade e experiências de vida.

O projeto foi desenvolvido por Grossi, que se viu inspirado a criar o mundo de DoroTEA, após receber seu diagnóstico de TEA (Transtorno do Espectro Autista). O autor estava escrevendo “As aventuras de Ralf e Carlos no mundo da lua” (2021), outra obra de sua autoria, quando foi diagnosticado. Tal notícia o animou a incluir uma personagem autista na trama. “À medida que eu escrevia a história, enxerguei uma personagem em potencial e poderia ser a protagonista. Assim, surgiu o primeiro livro”.

Segundo Grossi, a peixinha DoroTEA tem cumprido sua missão ao tratar do TEA. Evidenciando a importância da representatividade, o escritor comenta: “Muitas mães contam que não sabiam como contar para seus filhos que eles são autistas e, ao ler o livro, eles comentaram ‘Mãe, mas como ela (personagem título) sabe exatamente o que eu penso?’ ou ‘Nossa, eu quero ser como a Peixinha DoroTEA’. Isso é representatividade, é tudo que a gente quer”.

Já o segundo livro foi produzido em uma mesa de café sob a companhia da escritora e ativista Daniele Muffato. “Quando lancei o primeiro livro, ela começou a me ajudar na produção. Isso aproximou muito a gente e nos tornamos muito amigos”, comenta o artista visual sobre sua relação com a ativista. Na época, Muffato estava descobrindo o seu diagnóstico e, juntamente com a responsabilidade de criar um filho autista, o TEA ainda carregava muitos estigmas em pessoas adultas.

É interessante destacar que a peixinha se desenvolveu com a amizade e o suporte dos seus autores, “Assim como no primeiro livro, eu percebi a importância de se ter amigos na vida para enfrentar nossos medos e desafios. Com isso, chamei a Dani para escrever o segundo livro comigo e foi algo mágico, pois ela se descobriu autista e a vivência dela é muito diferente da minha. A gente acabou descobrindo que um é suporte do outro. Daí o nome do livro, ‘Enfrentando os seus Medos’, é a representação de que somos colocados à prova a todo momento, mas que junto com os amigos a gente consegue mostrar todas as nossas habilidades e tudo que temos de melhor”.

Serviço

Os interessados em saber mais sobre o universo literário de Grossi e Muffato podem acessar as redes sociais dos autores: @brunogrossibege e @danimuffato.