Revisão: Samantha Souza

Texto: Júlia Braga

Nascida em 11 de julho de 1901 e filha de uma escrava, Antonieta de Barros ou Maria da Ilha, seu pseudônimo, estava pronta para quebrar barreiras. Mesmo cercada por brancos e sendo julgada por ser quem ela é, Antonieta nunca desistiu de lutar pelo que acredita, especialmente pela educação e pelos direitos das mulheres. Por defender tão bem estes direitos, ela se tornou cronista e depois jornalista. Ao longo de sua vida, escreveu mais de mil matérias para oito veículos diferentes, criou sua própria revista “Vida Ilhoa” e, em 1937, publicou seu livro “Farrapos de ideias”.

Em 1920, iniciou suas atividades jornalísticas, dirigindo o jornal “A Semana” e o periódico “Vida Ilhoa”, os quais eram veículos transmissores de suas ideias, principalmente ligadas às questões da educação, aos desmandos políticos, à condição feminina e ao preconceito racial. Na década de 1930, trocou correspondência com a Federação Brasileira pelo Progresso Feminino (FBPF), comprovadas por cartas entre ela e Bertha Lutz, ativista pelo direito do voto feminino e uma das fundadoras da Liga para Emancipação Intelectual da Mulher, guardadas atualmente no Arquivo Nacional.

Antonieta de Barros foi eleita Deputada Estadual em 1934 pelo PLC (Partido Liberal Catarinense), sendo a primeira mulher e negra eleita em Santa Catarina e uma das primeiras mulheres eleitas no Brasil. Isso aconteceu dois anos após a conquista do voto feminino, ou seja, a figura de uma mulher negra inserida na política era uma grande novidade, não só no estado, mas em todo o Brasil.

Na Assembleia Legislativa de Santa Catarina, teve atuação fortemente voltada aos direitos das mulheres, embora nunca tenha se autodeclarado feminista. Seu primeiro mandato vai até o final de 1937, com o golpe liderado pelo presidente Getúlio Vargas (1937 a 1945). Porém, Antonieta retornou à Assembleia Legislativa em 1948, continuando a defender a emancipação feminina e a educação.

A professora e jornalista catarinense também elaborou o projeto de lei nº 145, que instituiu o dia 15 de outubro como o Dia do Professor. Homologada pelo governador de Santa Catarina, José Boabaid, a lei foi publicada 15 anos antes de a data ser reconhecida nacionalmente. O decreto federal, assinado pelo então presidente da República João Goulart, é de 1963. Para justificar a necessidade da criação desta data, Barros destacou a importância do educador e afirmou que: – “Não há quem não reconheça, à luz da civilização, o inestimável serviço do professor”.

Antonieta de Barros
Antonieta Barros acreditava que a educação é a forma de emancipar pessoas e transformar a sociedade
Fonte: https://www.correiobraziliense.com.br/