Texto: Louise Zin

Revisão: Samantha Souza

Nos últimos meses, na cidade de São João del-Rei, foi percebido um aumento de casos de cinomose nos cães. A doença normalmente se prolifera em épocas mais frias, quando o clima se torna mais favorável, porém, mesmo estando no final da primavera, o cenário atual da cidade está entrando em fase crítica. Os animais de rua estão mais sujeitos a serem infectados e, consequentemente, passarem a doença para outros cães, uma vez que os animais que não terminaram o esquema vacinal ou não tomam a vacina múltipla anualmente estão sujeitos a sofrerem as consequências da doença.

Jonas Leandro, estudante do 8° período de Medicina Veterinária, explica que a cinomose é uma doença infectocontagiosa agressiva aérea que acomete cães de todas as idades, especialmente filhotes. Ele ainda ressalta que, como a transmissão é aérea, quem tem mais de um cão está sujeito a ter mais de um animal doente.

Cinomose: entenda mais sobre a doença
Fonte: Dasha Urvachova de Unsplash

Os sintomas da doença são muito variáveis, podem incluir vômito, febre alta, apatia, anorexia, paralisia e sinais nervosos, como salivação, tiques nervosos ou falta de coordenação e noção espacial. No entanto, para identificar um cão com a doença, é um pouco mais complicado, ressalta o estudante:

-“Os sintomas que antecedem os sinais neurológicos são variáveis e inespecíficos,  sendo praticamente impossível a identificação antes da doença acometer o sistema nervoso. Quando os sinais neurológicos aparecem, a doença já está avançada demais e progride de forma agressiva, tornando o prognóstico extremamente reservado.  Mas normalmente os sinais são mais claros, como dito anteriormente, neurológicos.”

Otáviana Carvalho, estagiária de veterinária, afirma que para prevenir a doença basta realizar a vacinação anual em seu cachorro:

-“A vacina para cinomose está dentro do pacote oferecido pelas vacinas V8 , V10 e V11. No caso de filhotes, devem receber três a quatro doses da vacina, a partir de 45 dias de vida, com intervalo de 21 a 30 dias entre as aplicações. Apenas depois da última dose seu sistema imunológico estará apto a combater o vírus, caso haja contato com ele, sendo liberados os passeios na coleira. Vacinar seu pet é um ato de carinho com ele, com sua família e toda sociedade, pois as vacinas ajudam na manutenção da saúde e evitam a disseminação de doenças.”

A única solução efetiva até hoje para evitar que o animal contraia a doença é com a vacina múltipla canina, conhecida como V10, explica Jonas. Após a contração da doença, o tratamento é paliativo e consiste na redução da agressividade dos sintomas e da progressão da doença. Existe um tratamento que consiste em medicamentos antioxidantes para a proteção do sistema neurológico de cães que ainda não o tiveram comprometido. Porém, o estudante afirma que, além de muito caro, é pouco efetivo. A vacinação em dia é o ideal.

Cinomose: entenda mais sobre a doença
Fonte: Dominik QN de Unsplash

Quando a questão é em como ajudar os animais que estão desamparados, Dr. Elton Pereira, veterinário da clínica Vital, fala sobre a responsabilidade em ter um animal:

-“As pessoas podem ajudar, tendo a posse responsável, prevenindo com o protocolo vacinal, mantendo reforço anual, prevenir é sempre melhor que remediar. E quanto aos já contaminados, levar ao médico veterinário e procurar o melhor tratamento, que, infelizmente, podemos ter sucesso ou não.”

Fabiana Gomes, responsável pela Associação São Francisco de Assis, que dá suporte aos animais desamparados, explica que concorda com a abordagem dos veterinários e explica que é importante prestarmos atenção no que essas autoridades em saúde dos animais têm a dizer sobre o assunto.

O futuro veterinário deixa como recado:

-“Para os tutores, não há perigo algum. Meu conselho é a vacinação em dia. A V10 é uma vacina útil, simples e relativamente barata. Protege o animal de diversas outras enfermidades, além da Cinomose, incluindo a Parvovirose, que também é terrível.  Aos que já tem animais vacinados, recomendo que não deixem seu cão ter  contato com outros cães, os quais você não conheça o histórico de vacinação, principalmente de rua, uma vez que apesar de altíssimo, o espectro de proteção da vacina não é 100%.”