O publicitário de 23 anos, Jeferson Monteiro, criou, há cerca de três anos, em uma rede social, a página de perfil humorístico “Dilma Bolada”. Com o objetivo de contar histórias cômicas envolvendo a presidente Dilma Rousseff, hoje a Dilma Bolada já conta com mais de meio milhão de seguidores em redes sociais como Twitter, Facebook e Instagram. Em março de 2012, Jeferson conquistou o Shorty Award – o Oscar da internet – e passou, então, a ter reconhecimento internacional pela ideia da página online. O carioca de Mesquita, Rio de Janeiro, conta como surgiu o personagem, sua transformação em um fenômeno, planos futuros e sua opinião sobre o governo da atual presidente do Brasil.

Vertentes Agência de Notícias (VAN) – Como surgiu a Dilma Bolada?
Jeferson Monteiro (JM) – Na verdade, foi um tiro no escuro. Quando eu criei a personagem, eu sequer sabia que estava criando uma. Nunca imaginei que, um dia, tudo iria tomar a dimensão que tomou. A ideia inicial era assegurar o username parecido. À primeira vista, o Twitter oficial da Presidenta (@dilmabr) e o da Bolada (@diImabr) são iguais, mas note que, na verdade, no lugar da letra L, temos uma letra “i” maiúscula. Criei porque gostava da Dilma e não queria que ninguém usasse o nome para causar problemas a ela. Depois de certo tempo, percebi que tinha em minha posse uma ferramenta de potencial incrível.

VAN – Você sempre acompanhou e gostou de política?
JM – Mais ou menos. Sempre fui muito curioso com relação ao funcionamento da política do país, mas confesso que conheço muito superficialmente. Eu não me considero um cara entendedor de política. Hoje, sei um pouco mais que algumas pessoas e isso, em grande parte, devido à Dilma Bolada.

VAN – Você recebe alguma remuneração pelos posts?
JM – Não. Nunca recebi.

VAN – Nenhum patrocinador?
JM – Não. Na verdade no Facebook não, porque as regras do site não permitem que façamos propagandas de terceiros por lá. Às vezes “rolam” tweets patrocinados, mas é difícil.

VAN – Quais os projetos futuros para a Dilma Bolada?
JM – Eu tenho pensado em muitas coisas. Recentemente, lancei o blog que, por causa das manifestações, tive que deixar um pouco de lado em função de tudo o que estava acontecendo. Agora devo voltar com ele. Tenho pensado em lançar uma loja online com alguns produtos da personagem e penso, também, em conteúdo audiovisual. Enfim, muitos planos. Vamos ver se algum sai do papel (risos).

VAN – Quais as suas fontes de informação para escrever os posts?
JM – Depende de várias coisas. Geralmente analiso se há algum acontecimento político atual ou se algum compromisso dela (Dilma Rousseff) vai render algum post. Caso dê para eu trabalhar, ótimo, escrevo. Se não, tento pegar algo da vida cotidiana, mais abrangente, mas o grande segredo é sempre imaginar a Dilma nas situações. A inspiração é sempre ela (risos).

VAN – Você costuma postar fotos que, aos leitores, parecem ser exclusivas, como a do jogo da final da Copa das Confederações, no último dia 30, por exemplo. Como você tem acesso a essas imagens?
JM – Tenho um acervo de fotos da Dilma, são três anos de personagem. Tenho uma pasta com fotos dela de tudo que é jeito. Algumas eu vejo, guardo e fico na espera para usar. Assim foi a foto da Copa. Essa foto, na verdade, é de 2010 (risos).

VAN – A presidente Dilma Rousseff já reconheceu o fenômeno que é a página Dilma Bolada no Facebook?
JM – Não sei, juro que não. Oficialmente nunca me foi passado nada, infelizmente. Gostaria muito de saber. Contudo, informações de bastidores, e-mails que me mandam e mensagens afirmam que ela não apenas conhece, como também adora a Dilma Bolada. Tomara que seja verdade!

VAN – Já confundiram o Dilma Bolada com um perfil oficial da presidente Dilma Rousseff?
JM – Sim, sempre acontece. Apesar de estar explícito (a começar pelo próprio nome da personagem), algumas pessoas acabam achando que a Bolada é a Presidenta mesmo. É engraçado, mas geralmente os próprios seguidores avisam.

VAN – Você também tem um perfil no Twitter, um no Instagram e um site. Em qual meio a Dilma Bolada é mais lida e reconhecida?
JM – A Dilma Bolada faz sucesso em todas as plataformas em que está hoje. Em toda rede que ela está, é popular, cada uma com sua particularidade e limitação, claro. O Instagram, por exemplo, foi criado há alguns meses e, por isso, tem só 16 mil seguidores. Já no Twitter e no Facebook, o engajamento e envolvimento dos seguidores são surpreendentes. Incrivelmente alto!

VAN – No início do ano, o Facebook retirou um post no qual você fazia críticas ao senador Aécio Neves. Qual a sua posição neste episódio?
JM – Eu tentei deixar claro para todo mundo o que havia acontecido e levantei um questionamento que, rapidamente, teve uma repercussão não só no Brasil, mas no exterior também. Eu não havia desrespeitado nenhuma regra do Facebook, portanto não tinha motivo para eles tirarem o post do ar. Depois, o próprio Facebook admitiu o erro, se desculparam e colocaram o post novamente no ar.

VAN– Você se considera petista ou contra o Aécio, em algum aspecto?
JM – Isso só conto ao pé do ouvido. Estou brincando! Não sou petista não, não sou e nunca fui afiliado a nenhum partido político. Contudo, essa implicância toda gratuita da turma do PSDB comigo acaba fazendo com que eu passe a ter certo repúdio deles.

VAN – Como avalia o governo da presidente Dilma Rousseff?
JM – Eu gosto da Dilma, acho uma boa Presidente. Acompanho de perto o que tem sido feito. Acho que ela tem um plano de governo baseado a médio e longo prazo. Isso é difícil de ver, ela investe, sobretudo, no futuro. Parece não se preocupar muito com ego político, essas coisas de que eu fiz, eu sou, eu tenho. Acho isso espetacular! Vide a regulamentação dos portos, os royalties, as obras de infraestrutura do PAC2 e, agora, a Reforma Política. Ela é uma grande líder. Como qualquer outro ser humano, tem suas falhas e, se tratando de uma Presidente, ainda tem as limitações políticas. Mas eu acredito e confio nela e torço para que consiga dar o pontapé inicial para uma profunda e histórica mudança em nosso país, porque ela pode.

VAN – É só você que movimenta as redes sociais da Dilma Bolada ou há uma equipe por trás do perfil?
JM – Apenas eu. Sou ciumento (risos).

VAN – Qual a sua opinião sobre as manifestações que estão acontecendo no Brasil?
JM – Acho que tivemos um saldo positivo. Foi um movimento espontâneo e legítimo. Ali, o povo tinha razão. Não está tudo uma maravilha no país e temos muitas coisas para serem arrumadas na casa. Só não tinham razão aqueles que iam com o intuito – único e exclusivo – de saquear lojas e cometer atos de vandalismo. Esses, aliás, nem considero como manifestantes. De uma forma geral, acho que já conseguimos importantes vitórias. Agora, temos que observar e analisar todo o cenário que foi formado como resultado disso. Acho importante que sejam formadas representatividades, para que acompanhemos de perto tudo o que foi firmado e prometido. E que cobremos, fiquemos mais atentos, mostremos que esse “Gigante” está acordado e que está, de fato, interessado em participar da vida pública do país. Temos que mostrar que não foram só 0,20 centavos, mas que também não foram só duas semanas. Agora todos têm que mudar, para que o país mude!

VAN / Maria Clara Lauar; Bruno Marques
Foto: Reprodução

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