Comerciantes da cidade dos sinos encaram a nova fase da economia. Queda nas vendas e baixa procura por produtos levam vendedores a inovarem para continuar no mercado

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O cenário de crise econômica pelo qual o país vem passando, tem afetado diversos meios e camadas da sociedade. Uma pesquisa realizada pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC) e pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) mostrou que 56,1% dos brasileiros acreditam no agravamento da crise no país nos próximos meses. Mas, para o professor doutor em Economias Aplicadas, Norberto Vieira, o uso contínuo do termo “crise” para caracterizar a situação do país precisa de cuidados:

“Ele se tornou um termo popular, que as pessoas repetem o tempo todo. Não tem como negar que a situação econômica do Brasil piorou, mas esse grande movimento em torno da ‘crise’ parece estar dando uma dimensão maior a essa situação”. Vieira aponta que as opiniões sem discussões teóricas ou conceituais ajudam a generalizar as interpretações sobre o real momento econômico do país, o que prejudica o desenvolvimento da cidade, pois as pessoas passam a temer e a poupar mais, deixando de investir e gerar oportunidades.

A postura de alguns pequenos empresários da São João del-Rei diante da atual situação econômica do país, mostra como a cidade vem sendo afetada. A analista de créditos de um comércio varejista da cidade, Lilian Resende, afirma que do ano passado em relação ao atual, já foi possível sentir uma piora no faturamento da loja de cerca de 40%. A estratégia que encontraram, foi diminuir os investimentos no estabelecimento, contou a analista, para assim não acumularem tantas mercadorias e, assim, renovar o estoque a cada estação.

Já a proprietária que trabalha há 12 anos com comércio, Cláudia Bassi, fez diferente e diz ter arriscado. Ela diz que, apesar de também ter sentido uma queda nas vendas e notado o fechamento de outras lojas, preferiu encarar o cenário econômico com mudanças e reformas: “Eu quis melhorar a loja, fazer alguma coisa. Ou eu aceitava a crise ou eu lutava contra ela”. Bassi usou estratégias também para atrair e fidelizar seu público, com preços diferenciados de acordo com a forma de pagamento, assim ela diz não ficar no prejuízo com a possível inadimplência de alguns clientes. Ela estima que o atual quadro econômico enfrentado pelo país seja apenas uma fase e que irá se recuperar, mas passou a ter o cuidado em acompanhar melhor o orçamento da loja, que antes não era preocupação para ela.

O representante comercial, Marcos de Souza, afirmou também ter tido queda em 30% nas vendas do mês de julho desse ano de 2015 em relação ao mesmo mês do ano passado. Segundo ele, seus gastos pessoais aumentaram e foi preciso fazer cortes para não entrar no vermelho.

Adriane Resende trabalha na academia do marido e diz que o poder de compra diminuiu muito em relação ao ano passado. Ela que é mãe de três filhos diz que o orçamento apertou. “Os custos só aumentaram, as coisas estão muito difíceis esse ano: a conta de luz que aumentou, o preço das roupas e o pagamento de aluguel. Comprar na promoção acaba ficando caro”.

A queda na aquisição de produtos tidos como menos importantes, pode ser notada nos supermercados, que antes renovavam de forma mais frequente os estoques. Assim contou Samuel Magalhães, gerente de um supermercado: “Ano passado, as coisas supérfluas como um leite condensado, por exemplo, saia bem mais, esse ano caiu”. Magalhães disse ainda que os consumidores estão optando por comprar somente os produtos de necessidade. Mas, que apesar dos preços dos produtos terem aumentados, as vendas estão sendo mantidas e o quadro de empregados também.

TEXTO/VAN: VANESSA CAROLINA

FOTO: DIVULGAÇÃO

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