Conversa com estrangeiros revela o que eles pensam sobre as nossas produções e questões chave para o futuro do cinema brasileiro no cenário internacional.

A programação do sexto dia da 21ª Mostra de Cinema de Tiradentes trouxe quatro debates a respeito do olhar estrangeiro sobre o cinema nacional. Nesta quarta-feira 24, os debates ocorreram no Cine-Teatro Sesi e tiveram início às 10h, com uma mesa-redonda sobre o longa “Navios de Terra”. Houve também o bate-papo “Um olhar sobre o cinema brasileiro” às 15h30, com o russo Boris Nelepo, crítico, programador e curador, e o chileno Erick González, delegado geral do Centro de Cine Y Creación e diretor do AustraLab.

Os espectadores tiveram acesso a um objeto eletrônico com fone para tradução simultânea durante o debate, pois foi realizado em 3 idiomas, inglês, português e espanhol. A mediação foi feita por Leila Bourdoukan, gerente executiva do Cinema do Brasil. O objetivo do bate-papo foi traçar um panorama sobre as possibilidades e ações de se promover a produção audiovisual do Brasil no exterior.
A discussão permeou diversos assuntos, tais como a visibilidade do cinema brasileiro no exterior e o papel da mulher na indústria cinematográfica. O russo Boris Nelepo elogiou o cinema brasileiro e também citou a relação entre Brasil e Rússia, que é facilitada pelo bloco econômico BRICS. Recentemente a mostra de cinema dos BRICS, somente com filmes destes países, premiou o filme brasileiro Nise – O Coração da Loucura como melhor filme, o que, inclusive, despertou o interesse da China em exibir o longa.

Já o chileno Erick González disse que cada vez mais deve haver incentivo às mulheres no cinema, não só atuando, mas também dirigindo e produzindo filmes, embora não concorde que deva existir cotas para alcançar esse objetivo. Erick também lembrou que os maiores festivais de cinema do mundo ocorrem, principalmente, em cidades européias e são produzidos, em sua maioria, por homens, o que gera um cenário conservador e machista. Portanto mostras e festivais de cinema são fundamentais justamente para levar esse material que pode quebrar tabus e paradigmas destes países.

A mediadora do bate-papo, Leila Bourdoukan disse que o festival de Tiradentes se diferencia dos demais por haver uma programação e público sem igual. “Além de trazer filmes que não são exibidos em outros festivais a curadoria é muito especial, preza muito por um cinema fora da curva, por um cinema que não seja só arte, mas que também seja político um cinema que seja ferramenta de informação”, conta. Leila disse haver ótimas perspectivas, projetos e muito trabalho para o cinema brasileiro em 2018.

A 21ª Mostra de Cinema de Tiradentes segue a sua programação até o dia 27 de janeiro, o evento é gratuito e a expectativa é de que 35 mil pessoas compareçam ao evento.

Texto/Van: Leonardo Emerson e Sagner Alves

Foto/Reprodução: Divulgação

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