As duas moças da foto podem não ter o nome que está no texto. Mas, nesse instante, elas viraram personagens. A culpa é da leveza que transmitem. Singelas. Dois anjos de candura.

Sobre as amizades que são de sempre e vão parar na eternidade. FOTO: Tainara Paula
Sobre as amizades que são de sempre e vão parar na eternidade. FOTO: Tainara Paula

Cidinha e Conceição se conhecem há tanto tempo que não se lembram de um único momento nas suas vidas em que estivessem separadas. Cresceram pobres, humildes, sem muito regalo. Mas o mais importante sobre as duas amigas de infância é que elas cresceram felizes. E juntas. Sempre.

Conceição é a mais velha. Uma controvérsia para o que é considerado o normal sobre quem é mais velho em um relacionamento de qualquer tipo. Sempre muito moleca, brincalhona e esperta. Mas também é uma mulher forte, de muita fibra. Teve seis irmãos, criou cinco filhos e tem um casal de netos gêmeos. Hoje é viúva.

Para ela, os netinhos são “as joias da vó”, como ela mesma diz. Foi costureira a vida toda. Carregou a sua cruz com muito esforço. Aliás, carrega até hoje. Mas, no auge dos seus 68 anos, aprendeu muito sobre como lidar com o sofrimento.

Cidinha é doceira, e a mais nova, tem 64. São cúmplices desde muito novas. Quando nasceu, quem “curou” seu umbigo e lhe deu o primeiro banho foi a mãe de Conceição, Maria de Nazaré. Sua amiga presenciou tudo; tinha apenas quatro anos. Desde então, não se separaram mais.

Estudaram no grupo escolar da região até quando puderam. Na época, na roça, era todo mundo junto, não interessava muito a questão da idade. Estavam ali para aprender. Mas aprenderam o que a escola não ensinou: a estarem juntas em toda e qualquer situação.

Conceição viu os três filhos da amiga nascerem e, quando o único neto veio ao mundo, ela também estava lá. Quando o marido dela morreu, também. E sempre foi assim, uma consolando a outra. As duas sempre souberam se apoiar, uma sendo o ombro amigo da outra. Isso em toda e qualquer situação: diante da morte dos maridos ou nos sustos com os netos ao “arrancarem” a “tampa” do dedão do pé nos jogos de rua.

O que vemos de mais bonito quando olhamos para elas são sorrisos sempre sinceros. O de Cidinha tímido, o de Conceição, dos que a barriga dói. O que se aprende, afinal, é essa conexão de alma que o texto já conta. São duas professoras da vida. Firmes e sensíveis. Amáveis e encantadoras. Feitas de aço e de flor.

Texto/VAN: Emanuel Reis

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