Egléa Senna expõe  paisagens mineiras bordadas em quadro, na Taberna D’Omar em São João del-Rei. A bordadeira conta sua trajetória e técnicas da sua arte. A exposição fica aberta ao público até o dia 20 de novembro

São-joanense nata, Egléa Senna trabalha efetivamente com bordados há mais ou menos 12 anos. Sua infância, era baseada nos moldes tradicionais, em que as moças eram ensinadas desde pequenas a bordar, costurar e tricotar. E dessa forma, a artista – que não se considera como tal, cresceu envolvida nas linhas e agulhas.

Mesa de trabalho de Egléa Senna - FOTO: Arquivo pessoal
Mesa de trabalho de Egléa Senna – FOTO: Arquivo pessoal

Contrariamente, a história dessa bordadeira não revela uma paixão inata pela profissão. Ela conta que ficou anos afastada da costura, e que tinha outras ocupações, outras visões. “Eu era obrigada a costurar. Acabei pegando ódio dos bordados, fiquei anos sem mexer com costura”.  Saiu de São João del-Rei e foi parar na cidade maravilhosa, Rio de Janeiro. Mas, como ela mesma descreve, não nasceu para ficar em cidade grande… Seu fascínio é o campo. Voltou para a cidade dos sinos, e não se arrepende: foi através desse retorno que o bordado se fez valer por completo.

Quadro de Egléa Senna
Quadro de Egléa Senna

Há uns 12 anos, já aposentada, Egléa sentiu vontade de voltar aos trabalhos da costura. Sem ninguém que podia ajudá-la a retomar os traços dos bordados, encontrou na internet um meio de prosseguir com seus objetivos. “Eu estou sempre querendo aprender algo novo, principalmente quando envolve a informática, e foi a partir disso que achei blogs que me ajudassem a desenvolver os bordados”. Egléa ficou um ano aprendendo e pesquisando. Nessas pesquisas, ela encontrou uma das técnicas que utiliza hoje: as paisagens bordadas através da máquina de costura. O primeiro trabalho foram os cartões postais artesanais que vendia sob encomenda. Esse inspirou outros e outros… Hoje, seus quadros de paisagens fazem sucesso nas exposições.

Baseada no trabalho de uma canadense sobre bordados das pradarias locais, a bordadeira mineira quis demonstrar a sua cidade natal com seus caminhos e montanhas. Mas, o diferencial dela se encontra no desenvolvimento da junção de técnicas novas e antigas em seus quadros. ” É um bordado antigo, com traços que minha mãe fazia… Eu só misturei a técnica antiga com as facilidades modernas. Fiz uma releitura”, comenta a costureira.

Atualmente, a costura para Egléa é um trabalho prazeroso. E muito mais que isso, é a forma dela de fazer poesia, ” A costura é a poesia da minha vida” confessa Egléa. Ela, apesar de não gostar de se comparar com uma artista, fala que seu trabalho se parece com o de um poeta: o ato de bordar, costurando as linhas uma nas outras é como costurar as palavras no processo criativo de um escritor.

Exposição Pontos nos Levem
Exposição Panos nos Levem

Pontos nos Levem

A exposição Pontos nos Levem, retrata as paisagens de São João del-Rei e região vista da janela de um carro. São caminhos; estradas; montanhas; retratos que se assimilam à pintura, mas que são  de um árduo trabalho que levou aproximadamente 3 meses para ficar pronto. Todas as paisagens são lembranças da própria artista. “Elas passaram pelo caminho do coração; foram viagens, momentos…” comenta Egléa.

O título possui uma relação intimista com a música Caminhos me Levem de Almir Sater, uma das paixões da bordadeira. A exposição acontece na Taberna d’Omar e estará acessível até o dia 20 de novembro. Os quadros estão à venda e podem ser adquiridos através de reservas no próprio local de exposição ou entrando em contato com a Egléa nas redes sociais.

TEXTO/VAN: Beatriz Estima

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