Um cercadinho, um bebê
e uma chupeta. O suficiente para despertar uma longa reflexão de fim de ano.

Valentina estava
obstinada. Sua maior diversão era jogar a chupeta no chão e ver seus avós e tia
se abaixarem para pegar o objeto. Mania de criança! Ri das coisas sem lógica, mas
ninguém tem coluna de ferro. A avó, munida de dor na lombar, com autoridade que
o parentesco e a idade lhe concedem, colocou um basta naquilo: deixou a chupeta
num puff próximo ao cercadinho, de forma que Valentina não conseguisse mais
pegá-la.

Como bebês de um ano e
pouco ainda não têm noção de distância, Valentina se esticou toda tentando
pegar seu bico de volta. Esticava o bracinho até o limite da sua musculatura.
Fazia força. Todos ali se olharam e pensaram a mesma coisa: “Criança é
engraçada. É claro que ela não vai conseguir a chupeta. É impossível pegar o
bico daquela distância”.

Quando ela percebeu que
pela força ela não iria conseguir, ela passou para o plano B: a tortura
psicológica acompanhada de chantagem emocional e um beicinho que amolece todo
mundo.
Não durou dois minutos
e ela já estava munida da chupeta.

Mas o que tem de especial
em um bebê e sua chupeta? Nada. Mas o que está por trás dessa cena nos diz
muito.

A medida em que vamos
crescendo, vamos criando noção de espaço, distância e tempo. Nosso cérebro vai
sendo condicionado a classificar as situações como boas ou ruins, fáceis ou
difíceis, possíveis e impossíveis. Esse processo nos acomoda, nos molda de
forma a sermos cada vez menos ousados.

Vivemos num “deixa para
lá, não vai dar certo”. Temos medo de nos expor, de afirmar que não
conseguimos. Medo de perder. De perder mais que os outros. Pelo medo de perder,
perdemos a oportunidade de nos superar, de viver belas situações, de
amadurecer.Que 2015 seja o ano da
Valentina… Da ousadia, da força e da vontade de se renovar!

Texto: Bárbara Barreto
Foto: DorottyaS

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