Marina Ratton

Foto: Marina Ratton

Nascido na Tanzânia, país da África, veio para o Brasil, em 1971 com a sua família que havia perdido tudo o que tinham; para fugir do regime comunista, vigente em seu país na época. Essa é a história de vida de Abdul Aziz Nazarali Walji Hirji. Falando assim, para os são-joanenses, até parece se tratar de uma pessoa estranha, mas pelo contrario, estou me referindo a alguém muito popular e querido: o “famoso” Tchá Tchá.

Antes de se fixar em São João del-Rei, passou por Rio de Janeiro e Belo Horizonte. Trabalhou por muitos anos como vendedor ambulante, tendo pontos em mais de vinte cidades mineiras, dentre elas: Ritápolis, Tiradentes, Prados e Nazareno. O apelido “Tchá Tchá” vem dessa época, quando ele trabalhava como camelô e gritava para vender seus produtos “Oh mame, tchá tchá tá aí?”, que segundo o entrevistado, significa: “Oh mamãe o tio está aí?”. O apelido pegou na cidade de Ritápolis e hoje todos o conhecem por esta denominação.

Sobre a dificuldade que ele teve de se adaptar em São João del-Rei, Tchá Tchá ressalta a maneira de falar, e brinca: “Eu falo três e entendem treze, eu falo treze e entendem três”. E revela que, para ele, as pessoas da cidade são muito boas. “Acho que as pessoas daqui têm esse carinho comigo por causa da minha honestidade e porque eu não dou amolação. As pessoas cooperam muito comigo, me dão muito carinho e assistência, principalmente, as que trabalham por aqui” – se referindo à localidade de sua loja.  “Se eu não apareço para trabalhar, elas vão à minha casa saber de mim” comenta.

Tchá Tchá caracteriza a cidade como o paraíso, e declara com humor “Quero morrer aqui e enterrar em Ritápolis”. Um determinado cliente entra na loja dizendo: “O que eu precisar no Tchá Tchá eu vou encontrar”, fato que nos revela a singularidade do comércio feito por ele.  

Tchá Tchá conta que em São João del-Rei possuía somente um irmão, só que este já faleceu e que o restante está espalhado pelo Brasil, em sua maioria em cidades mineiras. 
Tchá Tchá pode ser considerado um homem de fibra, pois trabalha todos os dias com prazer e por opção. Caracteriza-se como: muito nervoso, muito orgulhoso, muito safado e muito tratante. Ele mesmo mandou bordar camisa com os escritos: “Tchá Tchá é bonzinho, mas mentiroso, tratante e ‘good for nothing’”, que significa, segundo ele, “bom para nada”. Sua mania é andar com uma bengala, por achar que isso lhe deixa charmoso.

Uma grande curiosidade, para mim, era saber com o que ele se distraía já que, apesar da idade, trabalha muito. E Tchá Tchá me surpreendeu. “Eu adoro trabalhar todos os dias; mas o que me distrai são retratos, eu gosto muito. Gosto de ver e ser fotografado. Mas, agora não gosto muito mais de ser fotografado, porque estou ficando velho a cada dia”; ressalta com humor. E descobri que temos algo em comum: o gosto pela fotografia.

Outra curiosidade é saber quantos anos ele tem, mas isto é uma coisa que ele não revela nem “sob tortura”. O que posso afirmar é que se tratando de um excelente personagem da vida real, a idade de Tchá Tchá é só um detalhe. Ele se considera um são-joanense de coração e sempre o será para as pessoas da nossa cidade.

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