Foi celebrada no último sábado (04) a missa de beatificação de Nhá Chica, na cidade de Baependi, localizada no sul de Minas Gerais. Francisca de Paula de Jesus (Nhá Chica) nasceu em Santo Antônio do Rio das Mortes Pequeno, distrito de São João del-Rei e é a primeira beata negra do Brasil.

A cerimônia teve início às 15 horas e reuniu cerca de 30 mil pessoas, segundo a Polícia Militar de Minas Gerais. A missa foi celebrada por um representante do Papa Francisco, o cardeal Ângelo Amato, e pelo bispo da região, Dom Diamantino Prata de Carvalho, concluindo o processo de beatificação que tramitava no Vaticano desde 1993. Também estavam presentes o governador do estado, Antonio Anastasia, e um representante enviado pela presidente Dilma Rousseff, o secretário geral da Presidência da República, Gilberto Carvalho.

O forte sol não impediu que a multidão se reunisse para presenciar o momento aguardado por tanto tempo. “É inexplicável essa fé. Eu já entrei emocionada, porque eu não imaginava que pudesse estar aqui presenciando esse momento. É muito lindo”, conta a aposentada Ana Lúcia de Arantes, que é devota da beata desde criança. 

Não foi difícil encontrar no meio dos presentes pessoas que atribuem milagres à Nhá Chica, como Diva Maria Lopes, que foi voluntária no evento em agradecimento às graças alcançadas. “O médico disse que eu usaria muletas o resto da minha vida. Eu ajoelhei e pedi que se a Nhá Chica me ajudasse eu viria de muleta e voltaria sem. Eu assisti à missa inteira de pé e fui embora sem muleta”, relembra emocionada. 

O milagre que concedeu à beata o título aconteceu no ano de 1995, quando a professora Ana Lúcia Meirelles Leite, de 67 anos, curou-se de uma doença congênita no coração após ter orado para Nhá Chica. Em junho de 2012 foi atestado que a cura não possuía explicação científica, e no mesmo mês o Papa Bento XVI assinou o decreto da beatificação da mineira.  

Impacto na Região

Segundo o Capitão Campos, o planejamento do esquema de segurança e organização do evento se iniciou em janeiro, com uma parceria entre a Prefeitura Municipal de Baependi e o Governo de Minas Gerais. Para atender à demanda anormal para a cidade de 18 mil habitantes, foram convocados policiais, bombeiros e médicos de toda a região. O trânsito da cidade ficou restrito durante todo o dia e o deslocamento para o município se deu principalmente através de transporte coletivo.

A beatificação de Nhá Chica também teve impacto no comércio religioso de Baependi e das cidades vizinhas. A gerente de vendas da editora ComDeus, Karina Maria de Lima, 32 anos, veio de São José dos Campos – SP para divulgar e vender a biografia “Nhá Chica: Mãe dos Pobres”, de autoria de Rita Elisa Seda.

O impacto é percebido principalmente na venda de artigos religiosos como medalhas, broches, camisetas, e retratos. Segundo a comerciante Francisca Isabel Pereira, que vende artigos relacionados à beata há mais de 22 anos, as vendas cresceram bastante desde o anúncio dado pelo Vaticano.

A artesã caxambuense Tania Cristina Levenhagen, 49, também percebeu um aumento dos artigos relacionados à Nhá Chica e acredita que a tendência é de que continue assim.

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