Prof. Gilcélio Amaral da Silveira
Em comemoração ao Dia Mundial dos
Animais (04 de Outubro), celebrado no dia de São Francisco de Assis, o santo
protetor dos animais, a 5ª edição da Semana do Animal foi oficialmente aberta
com a palestra: “Ética e direito dos animais na pesquisa científica e na
produção agropecuária”. Na tarde do dia 28 de Outubro, o Anfiteatro do Campus
Dom Bosco teve sua lotação esgotada para ouvir os professores da Universidade
Federal de São João del Rei (UFSJ) Gilcélio Amaral da Silveira, Coordenador da
Comssão de Ética no Uso de Animais da UFSJ (CEUA), Rogério Martins Maurício, professor
de Engenharia de Biossistemas e pesquisador em sistemas silvipastoris e o
advogado abolicionista e professor de Direito Ambiental da Universidade Federal
Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), Dr. Daniel Braga Lourenço. No seu discurso de
abertura, o assessor de imprensa do evento, Rogério Alvarenga, ressaltou a
dificuldade de realizar o evento devido à resistência das pessoas, ainda mais
com o tema proposto este ano: Novos Olhares animais, ambientais e sociais.
Apesar da “resistência certa”, termo utilizado pelo reitor da UFSJ, Helvécio
Luiz Reis, que também esteve presente na abertura, a lotação do anfiteatro foi
a prova que estamos no caminho certo para mudar essa resistência.
Dr. Daniel Braga Lourenço

O professor Gilcélio foi o primeiro a
expor seu trabalho como professor e embro da Comissão de Ética. Ele explicou
que a Bioética assegura desde os direitos de bem estar dos animais utilizados
nas pesquisas científicas, até os destinos adequados das carcaças e dejetos.
Quando um projeto chega a CEUA para aprovação, são avaliadas todas as condições
a que o animal será submetido, os ambientes interno, externo, social, biológico
e experimental da pesquisa; se provocar dor no animal, o projeto não é
aprovado. “A comissão é a favor do uso dos animais, mas considera até que ponto
seu uso é válido; o que não é ético não pode ser científico”, afirmou o
professor. Durante a sua palestra Gilcélio Amaral relembrou várias vezes que
infelizmente é preciso usar os animais para o desenvolvimento da ciência, mas
que com o investimento em tecnologia, em breve eles poderão ser abolidos. “O ser humano escolheu alguns animais
para amar e outros para servir”, essa foi a definição usada pelo Dr. Daniel
Braga Lourenço, que é a exploração de animais em qualquer situação.  Segundo o advogado, o ser humano sofre de
esquizofrenia moral em relações aos animais, porque ele escolhe os que irão
fazer parte da família e outros para serem transformados em alimentos,
vestuário e instrumentos de diversão e pesquisa. O palestrante fez questão de
lembrar que a emancipação humana caminha junto com a emancipação do animal; “a
questão animal está inserida no mesmo tecido moral dos humanos, os animais tem
direito `a vida, `a liberdade e direito de não serem escravizados”, garantiu. 

Prof. Rogério Martins Maurício
Concluindo o ciclo de palestras, o
professor do Departamento de Engenharia de Biossistemas (Depeb), da UFSJ,
Rogério Martins Maurício, fez um contraponto entre os direitos dos animais e a
necessidade de alimentação do ser humano, que envolve a agropecuária. Segundo o
professor, nenhum dos problemas globais podem ser entendidos separadamente,
pois são interligados, interdependentes e sua compreensão e solução requerem um
enfoque sistêmico. “Existem condições de mudar esses sistemas desde que a parte
ambiental seja uma premissa em consonância com a produção animal, para mudar a
situação e consequentemente o ambiente e a ética destinada a esses animais em
condição de desenvolvimento”, argumentou.
Animais: Seres
Sencientes.

            Integrando
a programação da 5ª Semana do Animal, na última quinta-feira (29) foi exibido
no Anfiteatro do Campus Dom Bosco, o vídeo produzido pela Sociedade Mundial de
Proteção Animal (WSPA, em Inglês) sobre o uso de animais para companhia,
alimentação e entretenimento. A sensiência é a capacidade dos animas de viver sensações
como dor, saudade, alegria e prazer. O documentário tem a participação de
especialistas do mundo todo e, entre outras coisas, orienta sobre os maus
tratos que são feitos na melhor das intenções, como o corte da orelha e do rabo,
além de tratamentos estéticos. Os animais não podem ser descaracterizados para
se assemelhar aos humanos e satisfazer psicologicamente os seus donos.
A situação dos
animais em São João del-Rei
Mara Nogueira Souto é a presidente da
Sociedade São Francisco de Assis, entidade sem fins lucrativos que tem como
objetivo trabalhar em prol dos animais da cidade de São João del-Rei-MG.
Segundo ela, a Sociedade que existe há dezoito anos, ganhou visibilidade após a
polêmica com a vereadora Sílvia Fernanda e tem recebido muitas denúncias de
maus tratos com os animais. “As pessoas precisam se conscientizar e ter a
responsabilidade pelo animal”, desabafou.  Para Mara, a Semana do Animal está
conscientizando os adultos e educando as crianças com as visitas nas escolas
públicas e municipais. 
Texto e Fotos: Ayalla Simone Nicolau 

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