Desde 2001, projeto da UFSJ faz com que pacientes e idosos deixem de lado a tristeza

Chegando ao Hospital Infantil. FOTO/VAN: Ana Resende Quadros, Clara Rita e Elaine Maciel
Chegando ao Hospital Infantil. FOTO/VAN: Ana Resende Quadros, Clara Rita e Elaine Maciel

O Albergue Santo Antônio, para idosos, o Hospital das Mercês, a Santa Casa da Misericórdia de São João del-Rei (SJDR) e a Clínica Infantil Sinhá Neves recebem regularmente visitas dos “doutores da alegria”. Alunos fantasiados de doutores-palhaços transmitem felicidade e diversão às pessoas. A iniciativa veio do Departamento de Letras, Artes e Cultura (Delac).

O projeto, coordenado pela professora Cláudia Braga, é inspirado no trabalho de Hunter Adams, médico norte-americano que se tornou famoso pelo método inusitado de tratamento. Ele propunha modificações no atendimento, por meio de maior humanização e, consequentemente, maior afeto na relação médico-paciente. Para Hunter, o riso facilita a cura e a promoção da saúde.

Os  Doutores Por um Triz não são médicos, nem cursam medicina. A ideia é afastar ao máximo os pacientes da realidade hospitalar. Os integrantes do projeto não precisam ser alunos da universidade, basta ter disponibilidade nas quintas e sextas-feiras e gostar de fazer as pessoas rirem. “Nossa coordenadora sempre fala que nós não somos médicos, não precisamos saber o motivo de a pessoa estar ali. Nosso objetivo é só fazer a pessoa rir e esquecer que está no âmbito hospitalar”, conta o doutor-assistente e aluno do curso de Teatro, Guilherme Soares.

 

Como se tornar um doutor

O processo para quem quiser participar do grupo é simples. Primeiro, como “oiantes”, os interessados acompanham as visitas, sem entrar nos quartos. Depois, já como “doutores- assistentes”, os participantes acompanham os alunos mais experientes no contato direto com  os pacientes. Os “assistentes” podem se fantasiar, mas só quando se tornam “doutores- graduados” recebem nomes especiais como “doutor insistente” ou “doutora índia”, que são escolhidos pelos colegas.

A fantasia é parte fundamental do trabalho dos doutores. Para que os pacientes embarquem na brincadeira, a maquiagem e a vestimenta devem ser escolhidos de forma que ninguém saiba a “identidade secreta” dos doutores, que não podem se tratar pelos seus nomes enquanto estão vestidos. “A roupa, na verdade, é o que menos importa. O importante é descobrir quem você é”, conta a doutora-assistente e aluna do Ensino Médio, Louise Cristina Zin.

Matheus Augusto Ladeira está no projeto há quatro meses como “oiante”. O estudante acompanha os doutores, em um processo de adaptação à rotina. Apesar de ele ainda não se vestir como “doutor”, afirma sentir que faz um trabalho importante. “Você vê que, quando entra nos quartos, as pessoas estão tensas, mas depois elas se distraem, esquecem que estão no hospital”, afirma.

 

“Palhaçoterapia”
A enfermeira Katiucia Carolina Cannan, do Albergue Santo Antônio, conta que o projeto é benéfico para os idosos. “Eu vejo como positivo esse momento de descontração. Dá pra ver a satisfação no semblante. Os idosos que são lúcidos relatam pra gente a ansiedade de esperar o dia dos doutores”, explica.

Apesar de algumas crianças ficarem assustadas com os palhaços, a mãe Camila Gonçalves Macedo conta que sua filha Rebeca, de um ano, ficou curiosa com a chegada dos Doutores Por Um Triz. “Tudo é muito colorido, chama a atenção das crianças, aí elas se distraem e acabam melhorando mais rápido”, afirma.

 

TEXTO/VAN: Ana Resende Quadros, Clara Rita e Elaine Maciel

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