Discussões acaloradas fizeram parte da programação do oitavo dia do evento 

FOTO: TALITA TONSO
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O penúltimo dia da 19ª Mostra de Cinema de Tiradentes foi marcado, nesta sexta (29), pelo debate que teve o enfoque do cinema autoral brasileiro em personagens que não se confrontam ou cujo conflito não aparece em primeiro plano.

Para discutir o tema, foram analisadas várias abordagens como o uso da politização da ironia, a falta de agressividade dos personagens, a definição de confronto político voltado ao contexto socioeconômico brasileiro, o que acabou exemplificando a falta de combatividade cinematográfica das produções de 2005 a 2015.

O curador da Mostra, Francis Vogner dos Reis, reiterou: “Esse ano foi as discussões foram mais acaloradas; a política não estava exatamente ausente, mas estava enviesada aqui em Tiradentes e esse ano os filmes e debates estão com um confrontamento bem mais direto. Até mesmo os filmes de São Paulo, que durante um tempo tenderam a um desejo de indústria, de adequação, esse ano já estão tomando outro caminho, já estão problematizando isso”.

A reportagem da VAN conversou com uma das coordenadoras do evento, Raquel Hallak, que demonstrou satisfação: “Desde 1998 acompanhamos a trajetória, as mudanças e persistências do cinema brasileiro. É um evento historicamente importante. Depois destes nove dias, fechamos com a ideia de missão cumprida: foram 29 debates, 59 sessões de filmes, 117 filmes em exibição e 10 oficinas, com mais de 280 alunos. É todo um panorama mostrando que a gente entende o cinema como um instrumento de transformação social mesmo”.

Além disso, Hallak, que é coordenadora de 3 mostras mineiras (Tiradentes, Ouro Preto e BH) , comentou a importância de se ter uma parte reservada para o cinema regional:  “Foi criada essa cena regional justamente para garantir um espaço de exibição dessas produções que nascem em torno da Mostra em São João del-Rei, Tiradentes, Juiz de fora e outras cidades do interior de Minas, de pessoas que frequentam o evento e participam do programa de formação”.

Na programação de filmes, a Mostra Panorama apresentou 4 curtas inéditos: “Cumieira”, direção Diego Benevides; “Sopro, Uivo e Assobio”, de Bernard Lessa; “Melancia”, de Lírio Ferreira; e “Verde Violeta”, de Rafaela Arrigoni; Na Mostra Aurora houve mais duas sessões: “Jovens Infelizes ou um Homem que Grita não é um Urso que Dança”, de Thiago B. Mendonça; e “Animal Político”, de Tião;

Já a Mostra Transições passou “Planeta Escarlate”, de Dellani Lima e Jonnata Doll. No começo da madrugada, o longa-metragem experimental-pop “Being Boring”, de Lucas Nassif apostou na interação e na confraternização do público através de um filme com estímulos audiovisuais que instigavam o público: as cadeiras deram espaço à uma pista de dança durante a exibição. A experiência foi inédita na Mostra.

O caráter transformador e contemporâneo da Mostra de Cinema em Tiradentes não é por acaso. Segundo Francis, o objetivo do evento é justamente quebrar o estereótipo de somente fazer propaganda, mas instigar o debate e provocar:

“Essa mostra coloca em questão o que está sendo feito no cinema brasileiro e como está sendo feito. Esse espaço proporciona o encontro de diversos realizadores de todo Brasil, que se reúnem não só pra tomar cerveja, mas para realmente discutir de maneira muito frontal todo esse cenário ainda conseguimos formar novos guetos e parcerias entre realizadores de diferentes estados, culturas e contextos”.

FOTO: TALITA TONSO
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Confira a programação da 19ª Mostra de Cinema neste sábado (30), último dia do evento, clicando aqui.

TEXTO/VAN: TALITA TONSO

FOTOS: TALITA TONSO

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