Ex-prefeito de Prados, Gustavo Cardoso é o atual dirigente do DAMAE (Departamento Autônomo Municipal de Água e Esgoto), cujas dificuldades na distribuição de água recentemente causaram transtorno por vários dias a moradores de São João del – Rei. Diante dos problemas, a Vertentes Agência de Notícias buscou maiores informações do dirigente do Departamento.


Vertentes Agência de Notícias: Como você explica os problemas com o abastecimento de água, em especial em bairros periféricos, como o Bela Vista, Dom Bosco e Lava Pés?


Gustavo Cardoso: Esse problema existe há muito tempo. Foi feita pela gestão passada a perfuração de um poço artesiano no Bela Vista, mas ele demorou muito tempo para ser eletrificado. Recentemente, uma empresa que atua no Bairro Bela Vista eletrificou o poço, então, agora nós licitamos a bomba, o painel e o padrão e iremos o mais tardar no início de dezembro implementar esse serviço lá.


VAN: Uma queixa frequente da população é a dificuldade de se conseguir o atendimento de um caminhão pipa para melhorar temporariamente a situação. Por que isso acontece?


Cardoso: O problema é que nós temos somente um caminhão adaptado, que não é registrado no INMETRO. E, com o período da seca, o Ribeirão Xavier estava com o nível muito baixo. Agora nós contratamos um novo caminhão pipa em caráter de urgência e estamos fazendo a licitação para compra de outro caminhão. Estamos, portanto, trabalhando com dois, tentando atender à demanda, que estava muito grande. Estamos investindo com recursos próprios na compra de um caminhão pipa novo. 


VAN: O DAMAE vem sofrendo com problemas estruturais há muito tempo. Qual a situação do DAMAE hoje?


Cardoso: Nós pegamos o DAMAE com uma dívida real muito grande. Tem uma dívida com a CEMIG na ordem de 8,5 milhões original e depois passou a 16 milhões com os juros e multas. Nós temos também 11 milhões, aproximadamente, de dívida ativa, de contas a receber da população. Então, a situação financeira é preocupante. Mas no cotidiano nós conseguimos fazer um saneamento. Pagamos todos os nossos fornecedores de cloro, de química, de materiais hidráulicos, todos os pagamentos estão em dia e a gente tem mais ou menos 150 mil de reserva mensal. Tanto que nós estamos fazendo um investimento grande agora no fim do ano, comprando logística, retro escavadeira, moto e carro. Furamos poços artesianos e reformamos estações de tratamento com recursos próprios.


VAN: Apesar dos investimentos que estão sendo feitos, qual a situação em que se encontra atualmente a rede de distribuição e de captação de esgoto do município?


Cardoso: A rede de distribuição de água da cidade é muito antiga, de um modo geral as estações também são muito antigas. Muitas não tiveram investimento ao longo dos anos e, volta e meia, a população convive com buracos na rua devido a entupimentos ou vazamentos causados por mau estado da rede. Temos ainda tubos de ferro muito antigos, que estão oxidados e que, com facilidade, enferrujam, causam buracos e vazamentos. Quando o vazamento é percebido, a gente tem que arrebentar o asfalto para corrigir o problema. 


VAN: Quanto aos vazamentos, são ouvidas muitas reclamações de que, após as chuvas, as ruas são tomadas por um forte mau cheiro. Qual a relação entre o período chuvoso e esse problema?

Cardoso: O que muitas vezes acontece é a rede de água pluvial receber a rede de esgoto. Aí o pessoal vai ao DAMAE, mas a água pluvial é responsabilidade da Secretaria de Obras. O DAMAE só cuida de água e esgoto. É um problema grave esse. Isso tem de ser resolvido através de um projeto de saneamento para separar a rede pluvial da rede de esgoto. 

VAN: Em relação aos investimentos futuros, quais os benefícios e metas a serem alcançados pelo anúncio do prefeito Helvécio Reis, realizado no mês de novembro?

Cardoso: O programa lançado é um investimento de 42,8 milhões de reais vindos do Governo Federal, sendo 42,4 milhões para o projeto de saneamento. Este é um projeto que prevê a capitação do esgoto que é jogado nos cursos d´agua da área urbana e levá-lo até uma estação elevatória que bombeará para uma estação de tratamento de esgoto. Nós vamos tratar 100% do esgoto. Essa é a meta, esse é o objetivo desse projeto. O projeto está em uma fase adiantada, porque o Deputado Reginaldo Lopes conseguiu, ainda na gestão passada, recursos na ordem de um milhão de reais para que a prefeitura contratasse uma empresa para fazer um projeto executivo para a rede de esgoto. Diante dessa realidade, conseguimos colocar São João del-Rei nesse plano de investimento do Governo Federal, no PAC II, porque entenderam que a cidade estava apta a receber investimentos por conta desse projeto, por isso fomos contemplados com investimentos. Como não tínhamos projeto para água, o deputado conseguiu a verba de 400 mil reais para contratar uma empresa para fazer um projeto que analise os mananciais, a captação, que determine as necessidades de investimento. 


VAN: Quando efetivamente a população verá o início dessas obras e qual o prazo para o término delas?


Cardoso: Quanto ao prazo, a gente não pode precisar muito, porque o projeto esta na Caixa Econômica Federal sendo analisado ainda. A última etapa do projeto, feito por uma empresa de Belo Horizonte contratada pela prefeitura, já foi encaminhada junto com todos os relatórios para a Caixa Econômica Federal. Depois disso, a Caixa libera para a licitação do projeto. Então temos de esperar a conclusão da análise da Caixa para que a gente possa licitar o projeto. É uma licitação complexa, uma obra gigantesca, que será feita pela prefeitura e a gente imagina que isso não aconteça de forma rápida. Não vou fixar uma data, porque podem acontecer várias coisas. Recursos e outros entraves burocráticos. A gente tem esperança de que até metade do ano que vem a gente já tenha a possibilidade de iniciar a obra. 

VAN: E esse projeto vai resolver o problema de esgoto da cidade inteira e também vai permitir a separação do esgoto e da rede de água pluvial?

Cardoso: O projeto prevê a construção de coletores de esgoto e da estação de tratamento. Esse trabalho de separar as redes, de melhorar a rede de esgoto, é investimento próprio do DAMAE. Mas a construção da coletora é para a cidade toda, e inclusive a COHAB, que é área de responsabilidade da COPASA, vai estar incluída. Então, vamos fazer um projeto também da COHAB. E vamos também fazer investimentos paralelos à construção. Independente da construção, nós temos de continuar fazendo investimentos. 


VAN: Como se dará a organização desses recursos por parte do DAMAE e quais outras melhorias previstas?

Cardoso: Então, estamos agora correndo atrás de recursos. Serão investidos 45 milhões em esgoto e é previsto também investimento em água. Tomamos medidas internas de controle, todos os processos licitatórios são feitos com a participação da comissão. Noventa por cento deles são feitos através de pregão, coisa que não tinha antes. Então estamos estimulando a competição, comprando o que é mais barato, dando transparência para a gestão pública e o resultado está aparecendo. Nós temos dinheiro em caixa, 13º já esta em caixa, vamos fazer vários investimentos com recursos próprios e muitos investimentos na linha de organizar o DAMAE. Vamos organizar melhor o setor operacional e o serviço de tapa buraco –  este que antes era terceirizado e parcialmente realizado pela prefeitura -, que agora estamos trazendo todo para o DAMAE. Já estamos com uma equipe pronta, temos hoje brita e asfalto, processando esse material na usina. Então nós estamos fazendo vários projetos para melhorar a operação do DAMAE.

VAN/André Frigo 
Foto: Fabricio Nascimento

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