Por Andhrey Taier da Silva Santos

“Arte”, “cultura”, “grandioso”, “aprendizado” e “essencial”… são essas as principais palavras que membros da comunidade são-tiaguense, sejam da escola ou não, usam para descrever o Café Literário. Organizado pela Escola Estadual Afonso Pena Júnior, o evento anual que mobiliza toda a cidade em prol da literatura e da cultura estreou sua 13ª edição no último fim de semana do mês de junho, entre os dias 16 e 17. Superando todas as expectativas daqueles que o aguardavam ansiosos, o evento se provou, mais uma vez, um espetáculo de cultura, aprendizado e entretenimento.

A edição de 2023 foi nomeada de “Somos raiz deste chão” e se comprometeu à valorização dos costumes e literatura dos povos tradicionais do Brasil. O evento começou às 17hrs da sexta-feira com um cortejo que atravessou a cidade até a escola, chamando a atenção dos cidadãos e convidando todos os transeuntes a acompanharem o evento. Após a abertura oficial da diretora Maria Beatriz, o Café Literário enfim teve seu início por meio de uma apresentação musical que introduziu elementos de cada um dos povos homenageados daquela edição, sejam indígenas, quilombolas ou ciganos, entre outros.

Foi no palco do evento que a fanfarra da escola, “Os Originais”, fez sua primeira apresentação, revelando novos talentos entre os discentes. Entretanto, surpreendendo a todos, uma forte chuva começou a cair na cidade resultando no cancelamento das apresentações daquele dia. Todos se dirigiram ao prédio da escola onde o café foi servido e novas informações foram repassadas sobre como o evento seguiria dali. Logo na manhã do dia seguinte, no sábado, uma nova programação já havia sido feita e divulgada, e o palco, tal como todas as exposições do evento, foram movidos para a quadra da escola.

A partir dali, nem mesmo os eventuais problemas técnicos, os quais foram rapidamente resolvidos, foram capazes de interromper o Café Literário, que contou com uma segunda estreia. A banda Lira Imaculada da Fatinha, inteiramente organizada por alunos de diversas séries, trouxe através de seus instrumentos diversas músicas populares, e arrancou aplausos do público a cada intervalo entre as apresentações. Ademais, as exposições organizadas refletiam o empenho de alunos e professores. Haviam quadros e maquetes que faziam referência direta a cultura dos povos originários e uma exposição de poesias de autores negros, nomeada de “Melanina e Mel”.

Quanto às apresentações teatrais, não houve uma que não caísse nas graças do público, em especial a performance “Meninos, eu vi”. Iniciando-se com uma denúncia ao caso de 1997, onde jovens atearam fogo em um líder indígena em Brasília, o teatro prosseguiu quebrando estereótipos sobre esse povo, trazendo conscientização, conhecimento e denuncia a toda a violação de direitos, através da excelente atuação dos alunos envolvidos. Também é relevante ressaltar o monólogo “Memórias do Palhaço”, onde o aluno Rafael Tiago Barbosa do Vale, interpretou um palhaço, narrando as dificuldades do povo circense, sobretudo na época da pandemia, pela total falta de apoio e infraestrutura do país para com essa população.

Por fim, o Café Literário encerrou com a apresentação teatral “Voos d’água” organizada pelos alunos do terceiro ano do ensino médio. A performance, cujo roteiro foi inspirado na série Cidade Invisível, trouxe elementos do folclore nacional numa trama dramática e envolvente. Contudo, o fim oficial se deu após a escola servir a todos o tradicional, e delicioso, café com biscoito são-tiaguense.

Numa sociedade cada vez mais consumida pela tecnologia e os prazeres rápidos, é gratificante ver um evento cultural e artístico, de tamanho envolvimento numa cidade do interior de Minas Gerais. Mais que algo organizado pela escola, o Café Literário é sinônimo de aprendizado, arte, cultura e literatura. Agora, cabe à comunidade aguardar ansiosamente a edição do próximo ano, que com certeza será tão, senão mais, surpreendente do que essa.

Reprodução/Instagram: @cafeliterario.eeapj