Presidente da Sociedade Protetora dos Animais de São João del Rei relata dificuldades em manter o abrigo de animais, além de descaso da população e prefeitura. A cidade possui cerca de 7 mil cães abandonados.

A cadela Julie foi parar nos jornais de São João del Rei após ter sido encontrada abandonada junto de seus oito filhotes na entrada da rodovia para a cidade em 2017. Depois uma ligação denunciando o ocorrido, Mara Nogueira Souto buscou a cadela e suas crias, levando-as para o abrigo da Sociedade Protetora dos Animais de São Francisco de Assis – SJDR.

Mara terminou sua graduação em 1993 e se mudou para São João del Rei após passar em um concurso na UFSJ. Em seu novo lar, encontrou muitos animais na rua e se sentiu impactada e comovida, pois se descreve como uma pessoa protetora desde a infância. Durante sua trajetória na cidade encontrou pessoas que se importavam com a causa animal e desde então se uniu a elas e assumiu o comando da sociedade protetora. ‘’Hoje em dia eu e a associação já viramos referência na cidade. Sempre que alguém liga para os bombeiros ou a prefeitura para tratar de animais abusados ou abandonados, as instituições passam meu telefone para que possamos ajudar’’, conta ela.

Atualmente, a Sociedade é reconhecida pela prefeitura como de utilidade pública e conta com uma diretoria composta por 4 pessoas – nas quais todas são mulheres. Mara, Angela Muffato, Kelley Nemer e Josiane Reis lutam contra o relógio para desempenharem todos as suas funções, seja como mães, profissionais, esposas ou protetoras.

“Nós vamos no sinal, vendemos adesivos, fazemos rifas e tentamos arrecadar verba para a Sociedade sobreviver, mas está cada dia mais difícil. Sinceramente, acho que se não tivermos ajuda do poder público daqui a pouco tudo vai virar um caos”, desabafa a diretora. Além disso, segundo Mara, São João del Rei possui mais de 7 mil cães abandonados, além de inúmeras denúncias de violência e de animais em situações críticas.

A instituição possui um lar temporário que abriga e dá assistência a aproximadamente 40 cães. Os animais que abrigam o local necessitam de remédios, cuidados especiais e ração. Tais recursos, geralmente escassos, são alcançados mediante doações da população e compras realizadas com o dinheiro arrecadado mensalmente pela instituição. José Joaquim da Silveira, cuidador do local, relata que poucas pessoas visitam o local e que, geralmente, acontece apenas uma adoção por ano.

O último cão protegido por Mara, nomeado carinhosamente de Vampirinho, é um vira-lata deficiente que perdeu metade do seu focinho e de sua mandíbula devido a uma doença. A presidente da associação revelou que tal fato desencadeia ainda mais preconceito da população na hora de adotá-lo. “Além de vira-lata é deficiente. Muitas pessoas passam por aqui, falam que ele é bonitinho, mas na hora de adotar ninguém pode assumir essa responsabilidade”, desabafou.

A população pode ajudar a Sociedade Protetora dos Animais através de doações de dinheiro, ração, vasilhas, materiais de limpeza e medicamentos. Já no abrigo de animais, é possível ajudar passeando ou dando banho nos animais. Para isso, basta entrar em contato com Facebook da Instituição para receber mais informações. 

Além disso, a Associação Protetora dos Animais realiza castrações a preços populares em parceria com a Dra. Amélia Oliveira, do projeto Veterinários na Estrada. A ação visa ajudar a população de baixa renda e estudantes a castrarem seus bichos de estimação. As diretoras da instituição também buscam pessoas para apadrinharem animais com o intuito de realizar uma vaquinha para financiar a castração de cães de rua.

Texto/VAN: Thauana Gomes e Hugo Corrêa
Foto/VAN: Thauana Gomes

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