Texto: Louise Zin

Revisão: Samantha Souza

Gabriela Vieira, pianista formada pela UFSJ, conquistou o 2º lugar no Concurso Nacional de Piano Souza Lima, de São Paulo (SP), em dezembro deste ano. Em novembro, ela recebeu menção honrosa no Concurso Nacional de Piano Cora Pavan Capparelli de Uberlândia (MG). Já, em outubro, a jovem pianista já havia conquistado outros prêmios: leia aqui.

Gabriela Vieira
Gabriela Vieira – Foto de Divulgação

Natural de Araçuaí, pequena cidade do norte de Minas, Gabriela iniciou os estudos de piano aos 16 anos, em São João del-Rei, e, desde então, participou de diversos festivais com pianistas nacionais e internacionais. Além de piano, sua especialização na graduação, Gabriela toca outros instrumentos, ela conta o porquê da escolha do piano e como foi crescer em uma pequena cidade tendo perspectivas tão grandes:

– “Quando eu era criança minha mãe me colocou na aula de violão, tocava e cantava. Mas como estava em uma cidade do interior, o acesso a uma aula de música, com professor formado, com uma qualidade incontestável, era praticamente impossível. Quem tocava um pouco de violão se tornava professor para uma renda extra. E esse foi meu início. Eu observava muito nas festas de igreja, os homens que tocavam pandeiro, aí eu ganhei um pandeiro e acompanhava esses moços nas festas, aprendi por observação, ninguém me ensinou. E, de certa forma, eu fui criando oportunidade de estar em contato com música.”

A entrevistada, ainda, ressalta que sempre teve interesse em buscar conhecimento acerca da música:

– “Foi por isso que aos 14 anos eu fui morar a quase 800 km dos meus pais, justamente em busca de uma melhor oportunidade de estudar. Eu ainda não sabia que eu iria estudar música e levar como profissão, mas sabia que a música sempre seria uma companheira pra minha vida.”

Seus primeiros contatos com a música foram quando era pequena, ouvindo a sanfona do seu avô, o violão de seu tio, os corais na igreja, os homens que tocavam o pandeiro da cidade. Ela explica que percebeu que ela não escolheu o piano, mas o piano escolheu ela:

“E com 15 anos entrei no Conservatório de Música de São João del-Rei para fazer canto lírico e formalizar aquele conhecimento experimental da vivência musical que eu tive. Aos 16 anos comecei a estudar piano de fato, tive uma professora, e um acompanhamento mais de perto. Então eu passei uma vida inteira buscando oportunidades de acordo com as limitações de recursos que eu tinha. É como se o piano fosse um resumo da minha história na música, porque o piano, por ser esse instrumento completo, permite que eu traga toda a minha experiência de vida e todos os meus interesses para um lugar só, então eu faço o piano clássico, mas eu também tenho muito interesse em música popular, também gosto de escrever arranjos e usar o piano pra cantar.”

Gabriela Vieira
Gabriela Vieira – Foto de Divulgação

Para outros músicos que já foram desmotivados por parentes e colegas, ela explica que as pessoas se preocupam pois não têm um conhecimento de como um musicista profissional consegue se sustentar. Ela afirma que todos acham muito bonito quando você está aprendendo música, mas quando decide levar a carreira como profissão começam a se preocupar. São muitos os preconceitos com as pessoas que escolhem essa área do conhecimento, mas Gabriela acredita que seja por uma falta de entendimento do que é a profissão e possibilidades de atuação.

Ela também destaca a importância que esse concurso teve para ela e para sua carreira:

– “Significa que trabalhar em prol dos sonhos vale a pena. E isso não vale só pra minha história, vale pra todo mundo. Porque muitas vezes as pessoas desistem porque não tem os recursos ideais, não tá no momento ideal, nem as condições mais favoráveis para lutar. E apesar de ter vivido muitos revezes e ter conquistado muitas coisas com poucos recursos ou recursos limitados, é uma satisfação grande, poder não só ter o reconhecimento do meu trabalho mas para também seguir de exemplo para quem quer que seja que esteja sonhando hoje que não consiga vislumbrar, ganhar forças para continuar lutando.”