Entidades, moradores e órgãos públicos se unem para amenizar os efeitos do frio nos animais de rua

Doar cobertores, construir casinhas ou deixar ração são modos que a sociedade são-joanense faz para aquecer os cães no frio. FOTO/VAN: Graziela Silva
Doar cobertores, construir casinhas ou deixar ração são modos que a sociedade são-joanense faz para aquecer os cães no frio. FOTO/VAN: Graziela Silva

O inverno chegou, e as temperaturas caíram consideravelmente. Em São João del-Rei, algumas noites registraram temperaturas entre 9º e 15º, segundo o site Climatempo. O frio, sentido por todos, é ainda mais rigoroso com aqueles que moram nas ruas. E não só humanos sofrem assim, mas também os animais abandonados na cidade.

Neste período, a gripe (ou traqueobronquite, em cães, e rinotraqueíte, em gatos) e a cinomose são as principais doenças incidentes nos animais. Alguns moradores, compadecidos com a situação dos abandonados, realizam ações (casinhas de papelão, principalmente) para evitar esse contágio.

A São-joanense do bairro Cohab, Isabel de Paula, mesmo com seus sete cachorros e três gatos, ainda ajuda outros animais. “Vejo que os meus, neste período, sempre procuram lugares quentes e querem colo. Agora, os de rua não têm essa opção. Então, quando vejo algum, tiro foto e compartilho no Facebook para que outras pessoas ajudem”, declara.

 

Instituições que protegem

A Sociedade Protetora dos Animais de SJDR é uma entidade sem fins lucrativos, conduzida por cinco mulheres. A instituição promove ações diversas em prol dos animais, principalmente os abandonados nas ruas do município. Sem auxílio financeiro do poder público, a Sociedade atualmente acolhe, em média, 100 cães no seu abrigo, mantidos com o dinheiro de doações de voluntários, castrações com preços populares, brechós e de cofres em comércios.

O que doar para a Sociedade Protetora dos Animais? ARTE/VAN: Laila Zin
O que doar para a Sociedade Protetora dos Animais? ARTE/VAN: Laila Zin

Para uma das responsáveis, Ângela Muffato, a realidade dos animais de ruas, de sentir frio e fome ao mesmo tempo, é triste e cruel. “Este ano, já fizemos alguns resgates de cães idosos que não suportariam as baixas temperaturas nas ruas”, conta. Além de caixas de papelão e ração colocadas em pontos estratégicos, alguns animais são acolhidos por elas para dormirem em seus lares. “Sugiro que as pessoas façam o mesmo, é só se livrar do preconceito e do medo”, aconselha.

O Centro de Zoonoses é outra instituição que se encarrega dos animais abandonados. É um órgão público que cuida do bem-estar das pessoas e dos animais por meio do controle das zoonoses (doenças transmitidas de animais para seres humanos) e da prevenção de epidemias. Localizado na Praça do Bom Jesus do Matosinhos, oferece serviços à sociedade, como vacinação antirrábica, avaliação de suspeitas de raiva e Leishmaniose, orientação sobre medidas de segurança e higiene, eutanásia a animais com doenças incuráveis, castrações e fornecimento de medicamentos.

Valdisnei Lopes atua no Zoonoses há 10 anos e acredita que os abandonos de animais são muito frequentes na cidade. “A partir do momento que os bichos dão trabalho aos donos, quando contraem doenças ou ficam idosos, eles já não assumem a responsabilidade e os entregam às ruas”, comenta. Apesar de auxiliar os animais abandonados, o Centro ainda não tem espaço físico (canil) para os acolher, o que impossibilita uma maior intervenção.

 

Sensibilidade comum

“Os animais são como os seres humanos, uns são mais friorentos, outros suportam mais”, afirma a veterinária Érika de Andrade. No seu local de serviço, ela cuida de dois cachorros abandonados e também auxilia nas ações da Sociedade Protetora. Contudo, argumenta que “tais atos ajudam, mas não mudam a realidade dos animais. Precisa-se focar na conscientização dos donos, começando inclusive nas escolas, para que o número, já crescente, não aumente mais e eles assumam sua responsabilidade”.

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