Texto: Arthur do Vale

Revisao: Samantha Souza

Se você acompanhar qualquer disputa esportiva na qual a Nova Zelândia participe, em algum momento, antes do jogo, você irá se deparar com uma dança bem coreografada, gritos como se fossem de guerra e muitas caretas. Esse ritual é chamado de Haka e ele surgiu na cultura da população nativa da ilha norte do arquipélago neozelandês, os Maori. 

Essa dança representa uma demonstração de orgulho, unidade e força e, muita das vezes, era utilizada pelas tribos como uma forma de intimidação ou até declaração de guerra.

Na Nova Zelândia, o contato dos povos nativos com os europeus foi por um bom tempo diferente em comparação a países como o Brasil, Estados Unidos ou seus vizinhos, a Austrália. 

Por muito tempo, os britânicos não deram tanta importância para a ilha pacífica, até que, em 1769, navegadores ingleses introduziram armas de combate, como o mosquete, para a população local. O que acabou resultando em um aumento dos casos de morte nas guerras, comumente travadas entre as tribos da Ilha. Estimativas apontam que a população maori reduziu em cerca 40% desde o pré-contato até o século XIX.

No entanto, é no século XX, após a independência e entrada da Nova Zelândia na Commonwealth (países que adotam um monarca britânico como chefe de Estado), que a cultura maori começa a fazer parte integralmente da vida dos neozelandeses, principalmente, após a chegada de governos mais progressistas ao poder.

(Reprodução/YouTube)

O governo local passa a patrocinar a inserção da cultura nativa na vida social. O idioma Maori, por exemplo, passa a ser adotado como idioma oficial do país em conjunto com o inglês, o hino nacional passa a ser cantado nas duas línguas e o nome oficial do país passa a ser New Zealand/Aotearoa.

Talvez um dos maiores difusores do ritual de Haka e da cultura Maori, além do governo, seja a poderosa seleção de rugby union da Nova Zelândia, os All Blacks (Todos Pretos, em tradução livre para o português).

Campeã três vezes da Copa do Mundo de Rugby Union, os All Blacks detém esse nome pelo característico uniforme preto e em uma alusão à tática de jogo em All backs (todos na retaguarda) adotada pela seleção.
Na Copa do Mundo de Rugby de 2019, disputada no Japão, os All Blacks geraram polêmica ao performar o Kapa o Pango, uma versão mais agressiva do Haka, contra os Springboks da África do Sul, seus principais rivais na modalidade.