A juventude que transforma fé em arte nas ruas de São João del-Rei durante o Corpus Christi

Por Érika Franco


Na madrugada da última quinta-feira (19), feriado de Corpus Christi, a cidade de São João del-Rei amanheceu com suas ruas ganhando cor e significado através da tradicional confecção de tapetes religiosos. A VAN acompanhou de perto o trabalho voluntário liderado por jovens das pastorais JUPAM e JUNFE, que organizaram cada detalhe dos famosos tapetes que enfeitam as ruas para as celebrações.

A atividades começaram às 4h da manhã. A coordenadora da comissão responsável, Julia Moura, 22, atua no setor administrativo de um hospital, e participa da tradição desde 2017. Ela explica que os desenhos circulares dos tapetes são chamados de “janelas”, e que os moldes quadrados já vêm com o traçado básico, permitindo que mesmo quem nunca participou possa ajudar preenchendo com serragem colorida. Para Júlia, o momento mais marcante é ver as ruas finalizadas, prontas para a procissão: “A palavra que define esse dia é perseverança”.

A jovem Marcy de Oliveira, 21, atua na produção dos tapetes há 4 anos. Para ela, a palavra que resume a experiência é a fé. Uma de suas experiências mais especiais foi quando coordenou seu primeiro tapete: “Choveu a semana toda, e eu orei muito para que parasse no dia. Começou nublado, mas só choveu após todas as festividades”. Para a designer, um momento marcante de ontem foi quando uma criança a ajudou a preencher o desenho de Nossa Senhora Aparecida. “A Maria Clara falou ‘O fundo vai ser vermelho e a roupa dela vai ser branca’, e isso me marcou muito por mostrar autonomia”, declarou Marcy.

“É um sacrifício que tem um retorno muito grande. Expressar a fé pela arte é algo louvável.” É assim que o artista sacro Lucas Eduardo, 31, define esse dia. Lucas participa da montagem dos tapetes há quase uma década. Ele chegou de madrugada e destacou que, com o passar das horas, o cansaço é inevitável, mas o esforço é recompensado.

Mesmo com a longa preparação e o esforço físico, nota-se que o sentimento que une todos os voluntários é o mesmo: uma fé viva que se expressa através da arte e da coletividade. Durante o extenso dia de trabalho, muitos turistas elogiaram e fotografaram os tapetes, e alguns até se emocionaram com a tradição sendo perpetuada por jovens. A confecção permitia que qualquer pessoa, independente da idade, participasse desse momento. Assim, foi um dia de muita cor, presença e fé.

Confira agora os destaques desse dia de tradição!