Projeto busca unir saúde, diálogo e economia solidária

 

No dia 8 de março começou a acontecer no Campus Santo Antônio da Universidade Federal de São João del-Rei (UFSJ), toda quinta feira, de 9h às 14h, o Dia de Feira. O projeto de extensão, chamado oficialmente de Feira de Agroecologia e Economia Solidária, é uma parceria entre a Incubadora Tecnológica de Cooperativas Populares (ITCP), o Fórum Regional de Economia Popular Solidária e a Associação da Agricultura Familiar e Agroecológica de São João del-Rei (AAFAS).

De acordo com a coordenadora do projeto, Camila Negreiros, o país passa por um momento de transição nutricional, por isso a feira foi desenvolvida. “O aumento de doenças associadas à alimentação inadequada e a necessidade de trazer uma alimentação saudável para a comunidade acadêmica nos levou a desenvolver esse projeto”, relatou.

Entretanto, a alimentação saudável, principalmente quando voltada para a agroecologia, ainda carrega muitas dúvidas e não tem tanto incentivo. A VAN listou abaixo 5 das principais curiosidades sobre o tema, confira:

 

1. A diferença entre alimento orgânico e agroecológico

Livres de agrotóxicos, os alimentos orgânicos são procurados por quem quer manter uma vida mais saudável. – Foto/VAN: Ícaro Chaves

Produtos orgânicos e agroecológicos, muitas vezes são confundidos, entretanto, existem diferenças entre eles. Os produtos orgânicos apesar de serem cultivados sem o uso de fertilizantes e insumos químicos, não há uma preocupação que leve em consideração o ambiente, os recursos naturais que são utilizados no processo, como a água e o solo. O coordenador da AAFAS, Francisco José Ribeiro “Kiko”, explica que os produtos agroecológicos, também são cultivados sem o uso de adubos químicos, agrotóxicos, porém, a grande atenção está voltada para o ecossistema em que se está produzindo, sempre atentando-se para as questões ambientais como a redução do consumo de água e produção de lixo. “Tudo que eu puder produzir para usar no sistema de produção de legumes e verduras, tudo que eu puder aproveitar que seja natural da própria propriedade, isso vai estar vinculado a uma noção de sustentabilidade e baixo impacto ambiental”, relata o produtor.

2. Economia solidária

A economia solidária é um contra-modelo, que busca promover solidariedade e não a competição, com a criação de cooperativas e associações. Sendo assim, as pessoas que fazem parte do grupo se ajudam, decidem as coisas juntos, de forma que todos acabam sendo protagonistas.

“Trabalhar com a economia solidária, como apoiadora, me faz ter esperanças e me impulsiona na luta por fazer da nossa sociedade, nem que seja com pequenas ações, um lugar mais acolhedor e justo!” – Lorena Mendes, membro da ITCP.

“Trabalhar com economia solidária é extremamente gratificante por possibilitar uma nova perspectiva para pessoas marginalizadas da nossa sociedade. Também possibilita sair do academicismo e da ‘bolha da universidade’, usar o conhecimento adquirido para o que realmente importa: a sociedade.” – Igor Eustáquio, membro da ITCP.

 

A Rede Agroecológica e Homeopática das Vertentes Trem Natural é uma das associações que trabalham com economia solidária, além da AAFAS que já citamos e a ITCP, da própria universidade. A Rede visa a troca de conhecimentos sobre práticas agroecológicas, com um total de 60 produtores, sendo 20 deles de São João del-Rei. “O Trem Natural é um movimento que visa facilitar a troca entre nós. Facilitar a produção,a assistência técnica. É um intercâmbio de aprendizado permanente.”, conta Kiko.

3. Benefícios nutricionais

Os alimentos orgânicos e agroecológicos não utilizam venenos, ou seja, são livres de qualquer substância química prejudicial à saúde. Em sua produção são utilizados apenas produtos naturais, sendo que o produtor acompanha e conhece todo o processo, desde a plantação, até a colheita. Para a nutricionista Ana Eliza França, as principais vantagens desses alimentos estão relacionadas à facilidade de absorção do nosso corpo aos nutrientes. “O alimento é mais puro, mais rico em vitaminas, minerais, os micronutrientes são disponibilizados e absorvidos pelo organismo de maneira melhor.”, explica.

Além de frutas, verduras e legumes, a feira também conta com produtos como pães, biscoitos e roscas. – Foto/VAN: Ícaro Chaves

4.Transição

“A transição permite que você use alguns elementos que ainda não são da agroecologia”, afirma Kiko. Como o termo ainda é recente, muitos produtores ainda estão se adaptando ao modelo. Na AAFAS, os produtores se ajudam, compartilham conhecimento, para que todos possam, aos poucos, passar por esse estágio. Além disso, alguns alimentos podem não ser totalmente orgânicos, contendo alguma substância não natural. Entretanto, o consumidor deve ser avisado.          

5. Incentivos Governamentais

De acordo com dados do IBGE (2006), a agricultura familiar no Brasil é responsável por 80% da produção de alimentos. Mesmo com esse número, ainda faltam incentivos tanto para o consumo, quanto para pesquisas desenvolvidas nessa área. Em Minas Gerais, algumas ações estão sendo realizadas para mudar um pouco essa situação. O Governo do Estado determinou que 30% dos R$ 26,4 milhões destinados à alimentação escolar deverão ser gastos com compras de alimentos da agricultura familiar. A iniciativa tem como objetivo melhorar a qualidade da merenda e, ao mesmo tempo, combater a pobreza no campo. Em São João del Rei, uma feira agroecológica acontece aos sábados na parte da manhã, no coreto. E em relação à UFSJ, temos o Dia de Feira.

 

Texto/VAN: Ícaro Chaves
Foto/VAN: Ícaro Chaves
Colaboração: Carla Marques, Filipe Reno, Lara Aquino e Samara Santos

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